esporte »

Análise: Vitória do Al-Hilal reforça sensação de que Flamengo é favorito na semifinal



 

Jesus tinha razão. Ao menos, quanto à certeza absoluta de que seria o Al-Hilal, seu antigo clube, o adversário do Flamengo na semifinal do Mundial. Já quanto à impressão de que os sauditas não devem nada ao rubro-negro em potencial, este é um diagnóstico que a vitória de ontem sobre os tunisianos do Espérance não permitiu concluir. Persiste a sensação de que o Flamengo tem melhor time e, especialmente, mais soluções individuais. Mas não é possível negligenciar o fato de que os árabes mostraram virtudes que podem incomodar.

Leia mais: – Autor do gol do Al-Hilal já foi treinado por Jorge Jesus e homenageia o técnico do Fla

Bafetimbi Gomis, do Al-Hilal, comemora diante dos jogadores e do técnico do Fla o gol que colocou o time árabe na semifinal do Mundial de Clubes contra o rubro-negro, na terça-feira Foto: Agência O Globo
Bafetimbi Gomis, do Al-Hilal, comemora diante dos jogadores e do técnico do Fla o gol que colocou o time árabe na semifinal do Mundial de Clubes contra o rubro-negro, na terça-feira Foto: Agência O Globo

Talvez a mais clara conclusão do jogo de ontem é que o Al-Hilal parece mesmo se sentir mais confortável com a bola. Aí se abrem duas possibilidades. Se o Flamengo controlar a posse, pode tirar o rival de sua zona de conforto e forçar o jogo contra uma defesa que não é a maior virtude do time. Os árabes até pressionaram bem na frente, mas permitiram ao Espérance criar chances, principalmente nos primeiros 20 minutos, quando levaram sustos.

Bafetimbi Gomis comemora gol do Al-Hilal, que colocou equipe na semifinal do Mundial de Clubes Foto: KAI PFAFFENBACH / REUTERS
Bafetimbi Gomis comemora gol do Al-Hilal, que colocou equipe na semifinal do Mundial de Clubes Foto: KAI PFAFFENBACH / REUTERS

Outra questão é a possibilidade de o Flamengo alternar ritmos. Em dados momentos, se o Al-Hilal mantiver a bola no campo de ataque, o rubro-negro pode explorar uma recomposição defensiva que deixa a desejar e uma linha defensiva que não é rápida o bastante para lidar, por exemplo, com Bruno Henrique.

– Monterrey, do México, vence e será adversário do Liverpool  na quarta-feira

Jogando mal, Liverpool bate Watford antes de embarcar rumo ao Qatar

Mas espera o Flamengo um adversário atrevido e com personalidade. E que nem usou todos os seus talentos ontem. Gomis e Giovinco vêm de lesão e não iniciaram o jogo. A entrada do centroavante francês deu um claro toque de presença de área ao Al-Hilal.

— Existe uma diferença de investimento, o Flamengo está um pouco na frente. Mas somos um time montado para propor jogo, para jogar na frente. Não será diferente aqui – garantiu o volante Cuéllar, ex-Flamengo.

Num tom semelhante, André Carrillo disse ver a semifinal equilibrada.

— Está 50% a 50%. Sabemos que o Flamengo tem jogadores que triunfaram na Europa, como Rafinha e Filipe Luís. Mas o futebol hoje está muito igual. Não é só camisa ou nomes – afirmou.

O meia-atacante peruano, aliás, é o jogador a ser observado. Foi o melhor da partida com sobras e repetiu sistematicamente um movimento com que o Flamengo deve ter atenção. Os dois pontas, ele pela direita e o saudita Al Dawsari pela esquerda, movem-se para o meio para trocar passes curtos. Foi com infiltrações pelo meio da defesa do Espérance que o Al-Hilal mais criou. E assim Carrillo achou o passe decisivo para o gol. Marcar a entrada da área e não permitir espaços entre a linha de defesa e de meio-campo será vital para o Flamengo não sofrer.

Mas a primeira oportunidade dos árabes aconteceu com outra virtude de Carrillo. E esta  merece atenção rubro-negra por ter relação com a já conhecida questão de rivais usarem a velocidade pelos lados às costas dos laterais do Flamengo. No primeiro espaço aberto, o peruano arrancou e quase marcou.

Sem Giovinco, jogou Carlos Eduardo  como um meia-atacante central. Ele passou pelo Fluminense em 2009 e depois defendeu Porto e Nice, da França. Sua movimentação foi fundamental para as trocas de passes pelo meio.

— Gomis e Giovinco tiveram problemas, treinaram menos. Era a melhor opção para nós  (não escalá-los de início). Quanto ao Flamengo, sabemos da qualidade dos times brasileiros. Mas também temos a nossa qualidade. Na vida, quando se acredita no que faz, é possível fazer coisas grandes – disse Razvan Lucescu, técnico do Al-Hilal.

O fato é que, mesmo tendo investimento e talentos em menor quantidade, o Espérance andou incomodando o Al-Hilal. Em especial pelos lados, com Badri na direita e Elhouni na esquerda. Pareceu claro que a qualidade ofensiva do Flamengo, com seu ataque móvel, pode produzir vantagens. Além disso, embora taticamente o time tenha bons movimentos construídos para sair jogando com trocas de passes, os defensores e o goleiro do Al-Hilal não parecem especialmente hábeis com a bola. O coreano Jang, um pouco mais pesado, teve problemas quando pressionado. E o goleiro Al Muaiouf ofereceu ótima chance ao Espérance.

Mas até para a saída de bola Carrillo é fundamental. Enquanto o time árabe vê o rival pressionar sua saída de bola, o peruano se coloca por trás desta linha de pressão para receber a bola e arrancar. O Flamengo terá que ser compacto quando fizer seu jogo de pressão ofensiva. Os  rubro-negros entram com o favoritismo, mas será preciso jogar bem.

 

Fonte: O Globo

 


Comente