Figurar entre os melhores desempenhos de sua profissão costuma ser garantia de emprego, mas as regras tradicionais do mercado de trabalho não se aplicam ao volátil mundo dos técnicos de futebol. Levantamento a partir do ranking de treinadores do GLOBO, elaborado em dezembro, aponta que quase metade dos 20 maiores pontuadores começam o ano sem um time para chamar de seu.
O ranking do GLOBO atribuiu pontuações distintas de acordo com a dificuldade dos torneios e o número de vitórias e empates obtido pelos treinadores. Como o ranking seguirá em atualização a cada mês, quem começa a temporada sem clube, claro, larga em desvantagem na tentativa de repetir a boa pontuação.
O desempregado que teve resultado mais expressivo em 2018 é Roger Machado, sétimo maior pontuador. Roger deixou o Palmeiras em julho e chegou a ser sondado por clubes durante o Brasileiro, mas não quis assumir um clube em meio ao campeonato. Na virada do ano, seu nome foi ventilado no Fluminense, mas a negociação não evoluiu.
Thiago Larghi e Jair Ventura são outros dois técnicos da nova geração que estão sem clube. Larghi começou o ano como auxiliar de Oswaldo de Oliveira, assumiu o Atlético-MG interinamente após sua demissão e, impulsionado por bons resultados, ficou no clube até outubro. Após ser dispensado e substituído pelo veterano Levir Culpi, Larghi afirma que recebeu sondagens, mas nenhuma lhe trouxe a segurança que buscava. Resolveu viajar para a Europa e visitar clubes como Barcelona e Fiorentina atrás de aperfeiçoamento.
? Este segundo passo na carreira é crucial. É mais importante que seja certeiro do que a velocidade com que é dado. Optei por me preparar para a oportunidade adequada ? disse Larghi.
A fatia de 40% dos melhores treinadores de 2018 que estão sem clube abarca casos distintos. Vágner Mancini, demitido do Vitória, não começa o ano numa área técnica porque assumiu um cargo de coordenação no São Paulo. Cuca, que terminou a temporada no Santos, passou por uma cirurgia no coração. Além de treinadores jovens, o grupo também inclui nomes com bagagem no futebol brasileiro, como Guto Ferreira e Marcelo Oliveira.
Guto, que dirigiu Bahia e Chapecoense no último ano, avalia que a pausa é positiva para sua saúde.
? Não passo janeiro em casa desde 2011, quando retomei minha carreira. O último ano foi muito traumático para mim, por conta da perda da minha mãe ? afirmou Guto. ? Eu poderia estar trabalhando, recebi propostas de clubes da Série B. Minha opção foi descansar, para me reequilibrar. Há muito estresse psicológico por conta da pressão desenfreada sobre os treinadores.
Apesar do bom desempenho no ranking, Marcelo Oliveira deixou impressão negativa nos torcedores do Fluminense por conta da reta final caótica do time no Brasileiro.
? O imediatismo acaba influenciando as decisões dos clubes ? ponderou.
Fonte: O Globo