Havia ingredientes suficientes para o Maracanã viver uma bela noite de futebol neste Fluminense e Fortaleza. Em campo, nenhum time se dispunha a sabotar o jogo: ambos tentavam fazer a bola correr pelo chão, trocavam passes e tinham propostas ofensivas. E o principal: a torcida tricolor fez sua parte de forma exemplar, com quase 40 mil pessoas no Maracanã. Mas o 0 a 0 foi, durante boa parte do tempo, um jogo sem chances de gol. As emoções ficaram guardadas para os dez minutos finais.
O empate fez o Fluminense ultrapassar o Botafogo na tabela e entrar na zona de classificação para a Copa Sul-Americana do ano que vem. Decidirá se a sua temporada de 2020 será ou não internacional na última rodada, contra o Corinthians, em São Paulo.
O primeiro tempo foi um encontro de times com ótimas intenções, mas com execuções que deixavam a desejar. Os dois times tentavam jogar, sem picotar o jogo, sem parar lances com faltas. Ao contrário, tanto que o tempo de bola rolando superava os 70%, algo raríssimo no Brasileiro. Mas nem assim a partida, por mais arejadas que fossem as ideias, entreteve o público.
Embora Fluminense e Fortaleza tivessem modelos diferentes de jogo, ambos tropeçavam numa mesma dificuldade: não infiltravam na área adversária. Os cariocas buscavam um jogo mais paciente e, quando ocupavam o campo ofensivo, tentavam agrupar jogadores em torno da bola num setor do campo. Seus melhores momentos ocorreram quando conseguiam triangular pelos lados, em especial o esquerdo.
Já o Fortaleza tentava definir seus lances em menos toques. E, ao contrário dos cariocas, tenta chegar ao gol com um modelo mais posicional ? ou seja, com jogadores mantendo posições mais fixas, ocupando setores do campo predeterminados. A bola chega até eles.
Por um tempo, os cearenses foram melhores, em especial com Edinho ligando ataques pela direita. Após a lesão de Osvaldo, Edinho passou para o lado esquerdo, conseguiu impedir que Gilberto avançasse com liberdade, mas foi menos presente no ataque.
Ao Fluminense, faltava o passe que gerasse finalização. Uma jogada entre Caio Henrique e Marcos Paulo pela direita foi a que mais se aproximou disso. O time de Marcão tenta atacar nos mesmos moldes da equipe de Fernando Diniz na primeira parte da temporada. Mas por vezes lhe falta fluidez perto da área rival. E quando perde a bola, mantêm problemas sérios de recomposição.
O Fluminense ameaçou alguma melhora no segundo tempo quando Marcão colocou João Pedro e Wellington Nem nas vagas de Yony e de um Nenê que rendia mal. Tentou aproximar João Pedro de Marcos Paulo, mas o jogo abriu mesmo quando Paulão foi expulso.
Gilberto acerta a trave
O Fluminense tentou ocupar o campo ofensivo e Yuri teve ótima chance em cruzamento de Daniel. No entanto, o tricolor carioca ficou só sete minutos com um jogador a mais, já que Dodi atingiu um rival com o cotovelo e foi expulso.
Com menos gente em campo, os espaços apareceram. O Fluminense tentava construir, mas o espaço entre defensores e meias permitia a Edinho se fartar de receber bolas de frente para o gol. As finalizações,no entanto, deixavam a desejar. O Fortaleza quase sempre dependeu de chutes de fora da área.
Já o tricolor conseguiu criar justamente graças a sua mobilidade. Gilberto, caindo pelo meio, acertou bonito chute na trave. Pouco depois, Caio Henrique, talvez o melhor criador de jogadas ofensivas da equipe, encontrou Wellington Nem,mas Felipe Alves abafou sua conclusão. Em seguida, o goleiro do Fortaleza pegou chute de curva de Daniel. O campo mais vazio contribuiu, mas é curioso como um jogo de dois times voltados ao ataque guardou seus melhores lances para o final. A torcida no Maracanã merecia ter visto ao menos um gol.
Fonte: O Globo