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Análise: Na vitória do Vasco, mais drama do que bom futebol



 

Foi uma noite de muito mais dramaticidade do que de bom futebol. O que acontecia no gramado de São Januário, embora não fosse nada vistoso, interessava a muitas torcidas. No fim, celebraram os vascaínos a vitória por 1 a 0 numa noite em que o estádio quase lotado celebrava a aliança entre time e arquibancada, numa mobilização que gerou uma explosão no número de sócios. Um clube mostrando sua força.

Mas celebraram também tricolores e alvinegros. Afinal, o que por alguns momentos pareceu tarefa complicada, risco real, no fim acabou superado com duas rodadas de antecipação: não há mais carioca sob ameaça de rebaixamento. Já o drama cruzeirense, este parece não ter fim. A queda pode acontecer na próxima rodada, contra o Grêmio.

O Vasco não precisou fazer um grande jogo para ser melhor do que o time do estreante Adilson Batista no primeiro tempo. Mas o que realmente separava os dois times, e a rigor ajudava a entender a situação terrível dos mineiros no Brasileiro, era o fato de que todo mundo em São Januário sabia como o Vasco jogaria: marcação forte, com desarmes e transições rápidas para o ataque. Quanto ao Cruzeiro, impossível responder.

Entrou em campo um time bem modificado por um seu novo treinador. Uma completa ausência de identidade a três rodadas do fim da competição. Não é anormal que esteja na luta contra o rebaixamento.

Em campo, o Cruzeiro decidiu tentar construir jogadas com trocas de passes desde a defesa. Mas não tinha qualquer ideia de como encontraria espaços diante de um Vasco que marcou bem quase o tempo todo. Há tantas incertezas neste Cruzeiro que Adilson Batista, ainda tentando entender o que tem nas mãos, trocou Joel e Éderson por Fred e Marquinhos Gabriel.

Antes disso, o Vasco fez o jogo acontecer como lhe interessava. Forçava perdas de bola do Cruzeiro e saía em poucos toques rumo ao ataque. Não foi espetacular, em muitos momentos teve pouco poder de contra-atacar e limitou-se a resistir, em especial na segunda etapa. Mas o jogo valeu pelo belo gol de Guarín, que decidiu a partida, e por Andrey, talvez o melho do time.

Fred desperdiça no fim

Aliás, foi ao seu estilo que o Vasco marcou, logo aos onze minutos: Richard fez um desarme, seguido pela ótima condução de Andrey. Seu passe foi dado no momento certo para Guarín acertar o canto direito de Fábio. Apesar de controlar a partida,o Vasco criou pouco a partir daí. Os dois times finalizavam mal.

O Cruzeiro melhorou com as mexidas de Adílson e o Vasco, salvo duas arrancadas de Marrony, apenas defendeu a área. Mais adiante, Vanderlei Luxemburgo ainda lançou Bruno Gomes no lugar de Marrony, reduzindo ainda mais as opções de velocidade, mas reforçando a marcação. O Vasco parou de incomodar.

Primeiro com Pedro Rocha como um segundo atacante, por trás de Fred, depois com Marquinhos Gabriel neste setor, o time mineiro começou a tentar triangular pelos lados e criar lances esparsos de perigo. Mas o fato é que tinha muito mais iniciativa do que capacidade de articulação, porque não é um time com um coletivo preparado para competir. Ontem, seu quarto técnico no ano iniciava um trabalho.

Além de todos os seus problemas de bastidores, o Cruzeiro ainda vê alguns jogadores distantes da melhor forma. De Thiago Neves, afastado por ter sido visto num show, a Robinho, que ficou no banco, passando por Fred, que teve a bola do jogo a cinco minutos do fim e não finalizou. Preferiu dar a Marquinhos Gabriel, que errou o chute. Antes, o próprio Fred cabeceara uma bola que Fernando Miguel defendeu. Se o Ceará vencer o Corinthians na quarta-feira e o Cruzeiro não vencer o Grêmio na quinta, em Porto Alegre, o rebaixamento estará consumado.

 

Fonte: O Globo

 


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