O Flamengo hipnotiza. A leveza de movimentos, tal qual a troca de passes que gerou o segundo gol na vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras, é o item mais recente de um repertório que parece interminável do campeão brasileiro de 2019.
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O Flamengo seduz. Não houve inibição diante da queda de braço com as autoridades de segurança. Mesmo sem torcida rubro-negra na Arena Palmeiras, o time fez sua própria festa. Ainda com duas rodadas por jogar, alcançou a marca de 80 gols marcados na campanha do título brasileiro e superou o desempenho ofensivo do Cruzeiro de 2013. Com 77 gols, era o melhor até então na era da Série A de pontos corridos com 20 clubes.
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Mesmo sem a intensidade costumeira, o Flamengo viu-se diante de um Palmeiras com um ar depressivo. Ainda disputando o segundo lugar da tabela com o Santos, o time de Mano Menezes pareceu por vezes desconcentrado, anestesiado.
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A soberania rubro-negra em São Paulo repetiu o enredo do Maracanã, no primeiro turno. O resultado só não foi igual (3 a 0) porque o anfitrião, já combalido, deu ar da graça nos minutos finais, com Matheus Fernandes.
Mas é emblemático que o placar agregado dos jogos entre os dois times neste Brasileirão tenha sido 6 a 1. A disparidade técnica e tática é muito maior do que o teórico equilíbrio entre os elencos. No Maracanã, a derrota gerou a queda de Luiz Felipe Scolari. Mano Menezes teve o mesmo destino: foi demitido.
O jogo ainda estava em clima de aquecimento quando o Flamengo abriu o placar, aos quatro minutos. Após o passe em profundidade, Gabigol serviu Arrascaeta como quem passa a bola para um companheiro de churrasco na pelada entre solteiros e casados.
Sobre essa vantagem repousou a tranquilidade rubro-negra no primeiro tempo. A mesma tranquilidade com a qual o uruguaio desfilou pelo campo. Arrascaeta exibiu sua classe com passes decisivos, que pareciam até simples, mas expõem a capacidade técnica do meia.
Ele fez parte da articulação que gerou o segundo gol do Fla, a jogada mais bonita da partida. Os atos dessa obra prima foram a inversão de Rafinha, a assistência de Arrascaeta e a conclusão precisa de Gabigol. Detalhe para o balé do atacante ao sair do impedimento.
O segundo gol do Fla foi o ponto alto de um primeiro tempo que teve momentos de rispidez entre os times, trazendo ares de uma rivalidade recente entre os times. O árbitro Ricardo Marques Ribeiro se viu em dificuldade para segurar os ânimos, mas ninguém foi expulso.
O segundo tempo trouxe cenas explícitas de desconcentração, trazendo à tona o espírito anestesiado do Palmeiras. O melhor exemplo foi a falha de Victor Hugo, quando ainda o relógio não tinha marcado nem o primeiro minuto da etapa final. Tudo bem que a marcação do Fla na saída de bola foi eficaz, mas não é normal entregar tão facilmente a bola ao adversário. Gerson bateu a carteira do defensor, e Gabigol não precisou nem dominar para fazer o 24ª gol dele no Brasileirão, abrindo para três a vantagem sobre Bruno Henrique.
Fonte: O Globo