Chegou enfim o dia mais esperado pelos mais de 40 milhões de torcedores do Flamengo nos últimos anos. A final da Libertadores neste sábado, às 17h, contra o River Plate, é o passaporte para a eternidade de uma nova geração, que sonha com repetir o maior feito continental do clube desde o título de 1981.

Mansur: Torcida do Flamengo se vê às portas da terra prometida

O sentimento é de deixar para trás um passado recente de coadjuvante. Por isso, há um misto de cautela e confiança entre jogadores, comissão e diretoria. Uma precaução que também ecoou pelas ruas de Lima, que os torcedores rubro-negros lotaram nos últimos dias.

Contra um clube argentino quatro vezes campeão, inclusive da última edição, o virtual dono do Brasileirão de 2019 medirá forças no estádio Monumental a fim de voltar à prateleira das grandes conquistas internacionais e superar 38 anos de fracassos e angústias.

? Quando decidi que íamos vir para o Flamengo, minha comissão e eu estávamos almoçando e eu avisei a eles para arrumar as malas que seríamos finalistas da Libertadores. Vamos encontrar um rival muito forte e com mais experiência. Mas isso não nos assusta. Sabemos nosso valor ? avisou Jorge Jesus, em discurso para elevar o moral do grupo na última coletiva.

Para representar a busca por este novo momento, porém, ninguém melhor que o atacante Gabigol. Artilheiro da competição, com sete gols, e do Flamengo na temporada, o camisa 9 já alcançou a façanha de Zico ao se tornar o maior goleador do clube em Brasileiros. E pode igualá-lo também como artilheiro e campeão da Libertadores, como em 1981.

Diferentemente do Galinho, Gabigol, aos 23 anos, simboliza um Flamengo erguido da lama recentemente. Que investiu pesado em contratações após arrumar a casa financeiramente. Se ficar marcado na história, será por menos de um ano de serviços prestados, já que a permanência para 2020 após o empréstimo junto à Internazionale é incerta.

Talvez fosse nisso que o jogador estivesse pensando ao pisar o gramado do estádio rumo à baliza e olhar para os céus, como se pensasse: hoje tem que ter gol do Gabigol. Ou, quem sabe, em manter a cabeça no lugar no jogo mais importante de sua passagem.

? Fazem parte da vida de um jovem esses processos de crescimento emocional, técnico e tático ? minimizou o treinador português.

Responsável por mudar a equipe de patamar, Jorge Jesus vive situação semelhante a Gabigol. Em menos de seis meses,revolucionou o futebol do Flamengo, e tem o desafio pessoal de conquistar seu primeiro torneio internacional após anos de sucesso no futebol português.

A permanência do treinador no Brasil também é incerta. Marcar o nome da história do Flamengo com um título continental parece ser o primeiro passo a mais para um casamento duradouro com o clube e com a torcida.

? O mais importante é esta competição. É o expoente máximo. A partir daqui, terei as mesmas responsabilidades e desafios mais a frente. Seguramente virão troféus como este. Agora não é hora para falar se fico, tenho contrato até junho ? disse.

Time confirmado

O técnico confirmou a escalação do Flamengo com força máxima, sem mudanças, de Diego Alves a Arrascaeta. Segundo o treinador, o Flamengo está pronto para encarar o atual campeão, e ignora o discurso de maior experiência nas últimas participações no torneio.

O português confirmou, em tom sereno e confiante, que o Flamengo manterá seu estilo. Disse ainda que não se preocupa com o componente emocional, segundo ele treinado e direcionado para um jogo de qualidade. Jogar bem e desfrutar da partida é a receita contra a tensão.

? Nossa forma de trabalhar é sobre a vertente do prazer, de transportar para o jogo qualidade. Vamos tentar fazer isso com nosso rival. É o que nos move ? completou o treinador, sem esconder o protagonismo do Flamengo na final.

? Dizem que River passou por isso mais de uma vez, e isso deixa mais experiente. Mas não penso dessa maneira. A emoção se trabalha, se treina. O prazer de jogar faz com que a emoção não atrapalhe ? finalizou.