A dez dias da final da Libertadores, o Flamengo sai do empate com o Vasco como o bom aluno que falhou no simulado antes da prova decisiva, e tem a chance de rever seus erros.
Não apenas as falhas que geraram os quatro gols do adversário, quantidade jamais sofrida na temporada, mas também o comportamento durante a partida. Tanto nos momentos de domínio, como nos de apuros.
ANÁLISE: No 4 a 4 entre Flamengo e Vasco, a grande notícia foi ver dois times protagonistas
A veia fatal do Flamengo de Jorge Jesus, aquele que se notabilizou por liquidar jogos, não foi notada na noite épica no Maracanã. Em que pese o mérito do adversário em não se assustar com o primeiro gol aos 40 segundos.
Talvez por tentar se preservar com a bola nos pés, o time rubro-negro não agrediu da mesma forma a defesa vascaína depois de abrir o placar de forma relâmpago.
Para piorar, foi punido por uma falta de cuidado defensivo que normalmente não apresenta. As falhas de Rodrigo Caio na saída de bola e a de Pablo Marí no lance do terceiro gol do Vasco foram emblemáticas.
Mesmo que não tenha sofrido a derrota e que a invencibilidade seja mantida após 24 partidas, o Flamengo teve erros que só havia cometido em profusão na queda para o Bahia há mais de três meses.
O apagão técnico e tático não foi apenas atrás. No ataque, Gabigol foi anulado e não conseguiu se destacar. Bruno Henrique também esteve contido até desabrochar para colocar o Flamengo no jogo no segundo tempo.
Mais do que erros de passes, a equipe flamenguista também entrou facilmente na pilha do Vasco, que adotou uma marcação forte e irritou os rubro-negros. A atuação do árbitro foi serena demais para a temperatura do jogo, mesmo que tenham havido mais de dez cartões amarelos.
Fato é que o Flamengo que vai decidir a Libertadores contra os argentinos do River Plate devem estar atentos para conter as emoções, sem deixar de jogar firme. Por diversas vezes, vale ressaltar, jogadores como Gerson, Rafinha, Gabigol e Arrascaeta pecaram pelo preciosismo nas jogadas. Foram vencidos nas divididas.
Os quatro gols do Vasco também são em parte explicados por um comportamento apático do time e até do técnico Jorge Jesus. Diferente de outras partidas, o Mister se movimentou pouco na beira do campo e não gesticulou como de costume. Era como se o Flamengo soubesse que não precisava dar tudo de si.
A todo momento do jogo, no entanto, o Vasco provava que era tão grande quanto o Flamengo e exigia do rival seu maior potencial. Ele veio, sobretudo na atuação individual de Bruno Henrique. Mas o relaxamento após buscar o resultado repetidas vezes também reaparecia.
Ciente do tremendo Campeonato Brasileiro que faz, o Flamengo não deu ao clássico com o Vasco a devida importância. A de não apenas vencer e se aproximar do título, mas de se inflar antes da final da Libertadores contra seu maior rival.
Fonte: O Globo