Sentimentos conflitantes no Nilton Santos. Num Rio de Janeiro com muita chuva, é possível admirar a abnegação dos quase 20 mil alvinegros presentes para apoiar um time que luta duramente contra suas limitações. Ao mesmo tempo, é possível sentir alívio ao ver o Botafogo fazer 2 a 0, bater o Avaí e terminar a rodada fora da zona de rebaixamento. Nesta segunda-feira, os três pontos eram meta obrigatória nesta batalha contra a queda.
Mas quem pensasse no futuro imediato, nas seis rodadas que restam no Campeonato Brasileiro, teria razões para se preocupar. A atuação de ontem foi suficiente, sem quaisquer sobras, para bater um Avaí que tem poucos horizontes no Brasileiro. Em último lugar, virtualmente rebaixado, o visitante ainda jogou um bom segundo tempo, em parte por culpa do Botafogo. Resta saber se este futebol sustentará a busca pelos pontos que faltam para o alvinegro garantir a sobrevivência.
Curioso como a ocasião, em tese favorável, fez mal ao time. A intensidade mostrada contra o Flamengo não surgiu, talvez por ser outro tipo de jogo. Na semana passada, os rubro-negros naturalmente tentaram ter a bola, enquanto o Botafogo buscava desarmar e agredir em velocidade. Contra o Avaí, a obrigação de construir era alvinegra. E o time se enrolou todo. Recusava-se a trocar passes pelo chão e produzia bolas longas em escala industrial, sem qualquer vantagem nos duelos pelo alto.
O jogo não privilegiava Léo Valencia na direita. Na esquerda, Rhuan, habilidoso e mais rápido, ansiava por bolas que nunca chegavam. O time se dividia em dois e não criava. Menos mal que um destes lançamentos foi desviado pelo zagueiro Ricardo contra o próprio gol.
Em vantagem, o time de Alberto Valentim permitiu ao Avaí rondar sua área, mas os catarinense ainda ofereciam espaços, que o Botafogo não aproveitava. Os dois lances de perigo vieram em saídas de bola equivocadas do Avaí. No último deles, Léo Valencia tentou um inexplicável toque por cobertura.
Diego Souza marca no fim
O início do segundo tempo teve um Botafogo ainda pior. Para criar ainda mais aflição no Nílton Santos, o Avaí passou a ser perigoso e Caio Paulista quase marcou. O alvinegro não tinha as rédea sdo jogo.
Valentim estranhamente tirou Rhuan e colocou Lucas Campos. Mais tarde, pôs Diego Souza no lugar de Alex Santana, que ainda busca a melhor forma. Tentou dar presença ofensiva, mas perdeu ocupação de meio-campo. A presença de um jogador de porte induziu o time a tentar ainda mais ligações diretas, o que não significava criar chances. A torcida vivia momentos tensos; o Avaí já levava perigo. Primeiro Luanderson cabeceou para Gatito pegar, depois João Paulo salvou bola perigosa e o alvinegro flertava com o desastre.
Por outro lado, por mais que seja menos móvel ou dinâmico, a presença de Diego Souza acrescenta qualidade técnica. O Botafogo tivera uma boa chance com Cícero, até Diego conduzir a bola e tocar para Lucas Campos sofrer pênalti que ele mesmo cobrou. Enfim, chegava o alívio alvinegro, ainda que temporário.
Fonte: O Globo