Em duas das quatro viradas do Flamengo neste Brasileirão, há um elemento em comum: Reinier Jesus. O prodígio de 17 anos já tinha feito o gol da vitória sobre o Fortaleza, aos 45 minutos do segundo tempo, e neste domingo abriu a reação rubro-negra sobre o Bahia.
Mais do que a satisfação por ver uma prata da casa dando retorno numa campanha já histórica, o Fla colhe os frutos de uma decisão estratégica que deixou a CBF contrariada: não liberar o jogador para o Mundial Sub-17.
Se não houvesse intervenção rubro-negra ? primeiro, com um acordo para retardar a apresentação e, depois, quebrando de vez o acordo de cavalheiros com a CBF ?, Reinier estaria fora do grupo desde 7 de outubro. Ontem, ele teria completado nove rodadas afastado.
Nesse período, o meia-atacante conseguiu papel recorrente no enredo dirigido por Jorge Jesus. Participou de seis jogos, foi titular em dois, marcou três gols e deu uma assistência. Resultado? Reinier renovou contrato até outubro de 2024, em uma relação nítida de ganha-ganha para ambos.
Na Série A, Reinier soma dez jogos, quatro gols e duas assistências. Em seis desses dez jogos, ele deu ao menos uma assistência para finalização, segundo o Footstats.
A comparação com a situação de Talles Magno, do rival Vasco, é inevitável. Ambos eram os únicos convocados à sub-17 que estavam nos times principais. Se Reinier brilha, Talles voltou ao Vasco cortado por uma lesão na coxa direita que encerrou sua temporada.
Na balança, é preciso ponderar as questões políticas dos clubes envolvidos e linhas de trabalho no mercado. Ao contrário do Vasco, as finanças do Flamengo não dependem da venda de jogadores a qualquer preço.
O Reinier que ficou no Fla tem passado por um processo constante de lapidação de Jorge Jesus (ausente ontem por suspensão). Ele até levou bronca pública por tentar jogada de calcanhar contra a Chapecoense.
? Ele está certo ? reconheceu o meia, que tem o mesmo sobrenome do chefe.
O amadurecimento torna Reinier ainda mais promissor. Com porte físico e técnica, ele tem sido usado mais como segundo atacante do que nas beiradas. Por isso, fez o gol de cabeça contra o Bahia, mesmo expediente do gol da virada sobre o Fortaleza, no Castelão.
Num time com Gabigol, Bruno Henrique e outros protagonistas, o coadjuvante Reinier mexe nas contas da reta final de Brasileiro. O fato de o Flamengo ter vencido quatro jogos de virada contrasta com a marca do Palmeiras: apenas uma virada.
Há mais um dado que gera diferença: dos cinco empates rubro-negros, só em um o time saiu atrás. O Palmeiras tem dez empates. Saiu atrás em sete e não conseguiu a virada. O caso mais recente foi sábado, contra o Corinthians. Talvez tenha faltado um Reinier para colaborar.
Fonte: O Globo