No lance que gera o gol do Volta Redonda, o lugar de Everaldo é um enigma.
A saída de bola do Fluminense encontra o atacante de 24 anos numa posição em que se esperaria um volante. A partir daí, acontece o desarme, o arranque de Douglas Lima, o pênalti claro do goleiro Rodolfo e o gol, na cobrança de João Carlos.
O erro castigou Everaldo, que se entendia bem com Mascarenhas pela esquerda e era um dos melhores no esboço de uma equipe que pretende criar a partir de trás, marca de seu técnico, Fernando Diniz. O empate em 1 a 1 reequilibrou a avaliação de uma equipe que terá muito a percorrer.
Ao que tudo indica, o Fluminense de 2019 é um time que demorará a dar frutos. O sistema de Diniz exige qualidade de passe e um entrosamento impossível de se obter em janeiro. No entanto, a inexperiência é notável, e o segundo pênalti a confirmou: atrasado, o meia Calazans é obrigado a marcar e empurra Wandinho. Marcelo bateu para fora.
Com uma média de idade de 23,6 anos em seus jogadores de linha, afobações e inseguranças são naturais. Alguns dos jovens também se mostram pouco afeitos a soltar a bola com rapidez ? Calazans é o mais perceptível deles. E há também o azar. Um dos mais experientes do elenco, o zagueiro Digão sentiu a coxa direita e foi substituído pelo estreante Matheus Ferraz, vindo do América-MG.
Na etapa final, Diniz instruiu o time a buscar as laterais do campo, a fim de chegar perto do gol sem oferecer risco de contra-ataque. E ofereceu a estreia de João Pedro, 17, já vendido ao Watford: uma joia da base que o torcedor terá apenas este ano para conhecer.
A expulsão de aurinegro Luiz Gustavo, a 15 minutos do fim, ajudou. Com mais espaços, o Fluminense cresceu na partida e, aos 40 minutos, Igor Julião, que substituíra Daniel, encontrou João Pedro na linha de fundo. O menino cruzou, um zagueiro explodiu a bola no travessão e o zagueiro Ibañez, que apareceu frequentemente na área, empatou a partida, aos 41min. Salvo da derrota, o time entendeu o que deve ser a tônica da partida: os cerca de 6 mil torcedores presentes seguiram o apito final com uma tremenda vaia à equipe tricolor. Num ano de pouca paciência e possibilidade de eleição antecipada em meio á crise política do clube, os erros de aprendizagem terão pouquíssima margem.
Fonte: O Globo