Para cada um dos dois gols do River Plate na vitória sobre o Colón por 2 a 1, um alerta sobre virtudes do rival do Flamengo na final da Libertadores. O resultado da noite de terça-feira levou a equipe de Marcelo Gallardo a dividir a liderança da Superliga Argentina com Boca Juniors e Argentinos Juniors. No entanto, mais do que a classificação do torneio, o que importa a esta altura para os rubro-negros é tentar entender os perigos que o aguardam no dia 23 de novembro, em Santiago.
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Eram sete minutos do segundo tempo, ou seja, 52 minutos de tentativa de romper a barreira defensiva do Colón. E o lance que abriu a porteira aponta para dois comportamentos muito usuais deste River Plate. Primeiro, um dos atacantes fazendo o movimento do centro do ataque para fora, ou seja, para a ponta. Foi Matias Suárez quem correu para o lado esquerdo e recebeu a bola. O cruzamento e a finalização de De La Cruz alertam para outra característica do time: a mobilidade. No papel, pelo desenho inicial do 4-1-3-2 de Gallardo, De La Cruz faz parte do trio de meias e joga mais pela esquerda. Mas apareceu no setor direito do ataque para finalizar.
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Aos 18 minutos, outra característica fundamental se exibiu: neste River Plate extremamente móvel, o longo tempo de trabalho de Gallardo dotou o time de movimentos automatizados, em especial as aproximações para trocas de passes curtos. Assim foi a tabela de Ignácio Fernández com o colombiano Juan Quintero, que acabara de entrar. O chute de Quintero deu origem ao rebote de Rafael Santos Borré, autor do segundo gol.
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Além de um domínio da bola e do espaço gigantesco ao longo do jogo, o River mostrou sua solidez como equipe. Praticamente não permitiu chances ao adversário e sofreu o gol num cruzamento da esquerda que desviou no zagueiro Martínez Quarta e enganou o goleiro Armani. A esta altura, a dez minutos do fim do jogo, a equipe já reduzira claramente o ritmo.
O jogo exibiu algumas características que a partida com o Flamengo, provavelmente, não terão. Ao menos, não combinam com o comportamento habitual do time de Jorge Jesus. O Colón se trancou atrás e, diante de uma defesa posicionada, o River teve uma rotina no jogo: Enzo Pérez buscava a bola junto aos dois zagueiros e os laterais Montiel pela direita e Casco pela esquerda adiantavam-se ao mesmo tempo. Casco, por vezes, tende atacar mais pelo centro, enquanto Montiel tentava abrir o campo junto à linha lateral. Tal comportamento permitia a meias e atacantes juntarem-se mais pelo meio, aproximando-se. Mas o River Plate era impreciso no último toque e finalizou pouco para o tamanho de seu domínio. O fato é que dificilmente o Flamengo vá esperar os argentinos plantado em sua defesa.
Mas se o que se busca ao observar os jogos do River Plate são padrões, o time repetiu alguns deles. Por exemplo, a pressão fortíssima pela retomada da bola no campo do ataque, marca que o Flamengo também tem. Outra, uma vez recuperada a posse, a facilidade com que os jogadores se encontram para trocar passes, além da mobilidade. Os três meias, Palacios, Fernández e De La Cruz podem ocupar um mesmo lado do campo para trocar passes. Assim como os atacantes se movem, tentando arrastar defensores e abrir espaços de infiltração. Na melhor chance do primeiro tempo, Casco encontrou rapidamente Matías Suárez, que infiltrou às costas da defesa, outra vez se movendo numa diagonal curta a partir do centro do ataque para o lado esquerdo da área.
O que talvez falte ao River Plate, e não ao Flamengo, seja um jogador de exceção, de invenção, capaz de quebrar o equilíbrio do jogo. Este poderia ser Quintero, mas o colombiano, que tem uma carreira marcada pela busca com a forma e momentos em que viveu acima do peso, teve um 2019 ainda mais comprometido do ponto de vista físico: aos poucos tem entrado nos jogos após uma lesão de ligamento cruzado que o deixou sete meses sem jogar. Nos jogos contra o Boca Juniors, por exemplo, Gallardo optou por não usá-lo.
Mas embora tenha tido um primeiro tempo de pouca inspiração na noite de terça, o River Plate voltou a exibir sua competitividade.
Fonte: O Globo