Você já viu essa cena algumas (ou muitas) vezes neste Campeonato Brasileiro: jogador cai na área, aparentemente sozinho, e nada é marcado. O VAR aciona o árbitro, que confere no replay e marca o pênalti. Se não foi uma queda, pode ter sido um inocente, ou nem tanto, toque da bola no braço de um zagueiro. O lance pode variar, mas uma coisa é certa: os pênaltis estão se multiplicando nesta edição de Brasileirão.

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Só na última rodada foram cinco, levando o número total a 85 em 26 rodadas, uma média de 3,2 por rodada ? a maior dos últimos anos. No Brasileirão de 2018, quando ainda não havia a tecnologia do árbitro de vídeo, foram marcados 93 pênaltis, média de 2,44.

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Além do árbitro de vídeo, o Brasileirão adotou uma série de mudanças nas regras determinadas neste ano pela International Board. Um item em especial pode ter colaborado para o aumento no número de penalidades. A mão não intencional passou a ser considerada faltosa quando mão ou braço estiverem acima do ombro ou quando houver aumento da distância de braço ou mão em relação ao corpo de forma antinatural, o que amplia o espaço do atleta.

Regras novas à parte, o que causa maior polêmica mesmo é o VAR, no centro das atenções desde que passou a ser utilizado. Árbitro da final da Copa do Mundo de 1982 e ex-comentarista de arbitragem, Arnaldo Cezar Coelho não poupa críticas à tecnologia.

? Se o torcedor for ao Procon, pode reclamar de propaganda enganosa, porque o VAR está dando errado. Esse negócio (VAR) precisa ter um limite, porque é nocivo, um desastre. A finalidade dele é minimizar os erros e não aumentar. O futebol é praticado por humanos que, por sua vez, trabalham com contatos físicos. Agora, se eu estou no campo, próximo à jogada, e entendo que é pênalti e quem está em cima tem uma opinião contrária, como fica? ? questiona Arnaldo.

Lances assim já aconteceram e geraram muita polêmica. No jogo entre Cruzeiro e Internacional, no Mineirão, o time mineiro teve um pênalti a seu favor que gerou muitas críticas.

? Ele (árbitro) acertou, o VAR errou e então ele errou também. Por que o VAR se meteu em um lance interpretativo? ? questionou o goleiro do Inter, Marcelo Lomba, na ocasião.

O ex-árbitro Sálvio Spínola, comentarista de arbitragem do SporTV, não é tão radical quanto Arnaldo. Para ele, o VAR trouxe benefícios. A crítica de Sálvio está no uso exagerado do recurso.

? Costumo dizer que sou “VAR raiz?, porque ele precisa ser acionado somente para grandes decisões.

Sálvio Spínola acredita que o alto número de pênaltis marcados passa pelo uso em excesso da câmera lenta na avaliação da jogadas.

? Acho que há exagero principalmente nos pênaltis. Alguns passariam despercebidos e nem seriam marcados caso não houvesse a câmera lenta. O vídeo não tem que comandar o jogo, apenas corrigir os erros. A tecnologia no esporte é necessária, porque o ser humano é limitado, mas quem interpreta o lance é o árbitro. Acredito que a CBF se equivocou ao implementar definitivamente essa ferramenta. Se tivesse utilizado de forma restrita e adaptando aos poucos seria melhor.

O VAR tem custo de R$ 51 mil por jogo. Em agosto, ao divulgar o balanço do uso da ferramenta no primeiro turno, a CBF apontou uma queda no número de erros capitais.

? Eu enxergo o copo meio cheio. O auxílio do VAR é indispensável hoje em dia ? disse, na ocasião, LeonardoGaciba, presidente da comissão de arbitragem.