esporte »

Botafogo: Como Alberto Valentim pretende aproveitar a herança de Barroca



O discurso foi cheio de cortesia no primeiro dia de trabalho de Alberto Valentim no retorno ao Botafogo. Ao menos nas palavras, a indicação do treinador é que não haverá terra arrasada após a saída de Eduardo Barroca, demitido após o time não render mais na competição e ir ladeira abaixo.

– Precisamos repetir coisas muito boas que já foram feitas aqui no campeonato com o Barroca, uma sequência positiva – disse Valentim.

Em termos de filosofia de jogo, o novo treinador alvinegro enxergou similaridades com o antecessor. Inclusive, ambos foram contemporâneos no próprio Botafogo em 2018, quando Barroca comandava a equipe sub-20 e fez a transição de jovens para o time profissional.

Valentim não desprezou a proposta do “barroquismo” recente de ficar com a bola no pé – isso até funcionou na primeira parte do campeonato. Só que o Botafogo foi se mostrando ineficiente ofensivamente ao longo do Brasileirão, tornando o fato de ficar com a bola um conforto para os adversários que adotam um jogo reativo e de contra-ataque. Na nova gestão alvinegra, a ideia é otimizar esse conceito.

– Esse volume no último terço de campo, além de ter a posse de bola, que eu gosto muito. Mas tem que ter o momento de alternar o jogo, verticalizando mais. A ideia é essa, dentro do que vamos treinar – comentou Alberto.

Valentim e Barroca durante passagem pelo Botafogo em 2018 Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Valentim e Barroca durante passagem pelo Botafogo em 2018 Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

Em termos de plataformas de jogo, Valentim se mostrou contrariado a invenções. A defesa será montada com uma linha de quatro, embora o técnico tenha se declarado um admirador de sistemas com três zagueiros – a raiz italiana aflora, unindo-se aos tempos de jogador no Athletico-PR (mas na época da grafia antiga).

A partir daí, montar o quebra-cabeça com as peças que tiver em mão, variando de 4-3-3 para 4-2-3-1, sem fechar os olhos para um 4-4-2 com losango no meio-campo.

O fato de conhecer boa parte do elenco alvinegro atual pode facilitar uma rápida assimilação entre as duas partes: o conhecimento do técnico sobre como explorar melhor cada jogador e, ao mesmo tempo, os atletas captarem as ordens vindas do campo.

O tempo é inimigo. Valentim espera que em oito ou nove sessões de treino já seja possível implementar a proposta de jogo. Só que vão acontecer dois jogos até lá – o primeiro deles nesta quarta-feira, contra o Vasco, em São Januário.

Mais do que o desempenho, Botafogo está numa fase em que somar pontos é um indicador crucial para medir o sucesso da filosofia do treinador. O alvinegro atualmente tem 30 pontos, cinco a mais do que o CSA, primeiro time na zona de rebaixamento.

Fonte: O Globo


Comente