Líder, o Flamengo de Jorge Jesus enterra uma máxima dos últimos anos de Brasileirão. Você já deve ter ouvido que vencer em casa e empatar fora é bom negócio nos pontos corridos. Mas o rubro-negro, não só pela vitória deste domingo sobre o Athletico-PR, elevou o sarrafo e não se contenta em apenas evitar derrotas como visitante. Talvez estejamos diante de uma mudança definitiva de paradigma.
Atualmente, o aproveitamento do Flamengo fora do Maracanã é de 61,5%. Um desempenho tão bom não se dá desde o Fluminense campeão de 2012. O tricolor fechou a campanha somando 68,4% dos pontos em disputa como visitante. A disparidade daquele Flu (de Fred, Thiago Neves, Deco e Wellington Nem) em relação aos rivais remete a 2019.
Há componentes culturais no “ganhar em casa e empatar fora?. Os visitantes se acostumaram ao padrão de esperar anfitriões mais ousados e muitas vezes entram em campo de forma muito mais precavida.
A presença de Jorge Jesus traz à equação rubro-negra a visão do europeu acostumado a torneios nacionais em que não se vê tanto equilíbrio/respeito. No Velho Continente, o grande tem quase como uma obrigação atropelar. Isso funciona para Juventus, Manchester City e Barcelona, só para citar campeões da temporada passada. O negócio é buscar recordes de pontos, levantando a taça com a maior vantagem possível.
Sem falsa modéstia, o Flamengo de Jorge Jesus não abandona o estilo para se contentar com empate. Detalhe: duas das três derrotas como visitante da campanha atual do Fla ocorreram na gestão Abel Braga, que deixou frase até hoje exorcizada.
? Perder para o Atlético-MG aqui, como perdemos para o Inter lá, são resultados normais ? disse ele, demitido após a sexta rodada.
Em campanhas recentes de campeões brasileiros, a tônica era saber sofrer, principalmente fora de casa. O Palmeiras de 2018 levou o título com aproveitamento de 52,6% como visitante, pior marca da década, igualando o Corinthians de 2011.
Com um elenco forte graças ao poderio econômico, o Flamengo atual quer a bola para usá-la como “porrete?, usando analogia do demitido técnico do Botafogo, Eduardo Barroca. O fato de ter “ganho? um mando quando o Avaí vendeu o jogo para o Mané Garrincha, em Brasília, não reduz a relevância do que faz o Fla.
Se o Santos de Sampaoli replicasse isso, estaria mais próximo na tabela. Como tem 53,8% de aproveitamento fora de casa, é o segundo time que mais soma pontos assim. Mas empatou com o Inter em Porto Alegre e foi ultrapassado pelo Palmeiras.
Nas 13 rodadas restantes da Série A, o Flamengo fará seis jogos como visitante. Como um deles é contra o rival Botafogo, só serão cinco longe do Rio. Pela matemática, o otimismo se justifica.
Fonte: O Globo