Apenas uma semana separa a competição de natação do Pan de Lima do Mundial de Esportes Aquáticos, realizado em Gwangju, na Coreia do Sul. O torneio já encerrado foi a principal competição do esporte na temporada, o que exigiu bastante dos atletas. Apesar disso, o Brasil sonha alto no torneio continental. Estabeleceu uma meta de até 15 medalhas de ouro. Se o feito for atingido, será a melhor campanha da história no evento.
Tradicionalmente, a natação é o carro-chefe do Brasil no quadro de medalhas. Em Toronto-15, conquistou 26, sendo 10 de ouro. Junto à campanha em Guadalajara-11 e no Rio-07 (ambas com dez ouros), é o melhor desempenho em Jogos Pan-americanos até agora.
Apesar da meta otimista, existe a consciência entre a comissão técnica e os dirigentes de que a participação no Mundial há tão pouco tempo cobrará seu preço. A Confederação Brasileira de Deportos Aquáticos (CBDA) exigiu que os mesmos atletas competissem nos dois torneios.
– Nossa meta é buscar as medalhas e a visibilidade que elas trazem. Mas não estamos falando aqui de tempo. Não esperamos que eles estejam entre os melhores da temporada – explica Gustavo Otsuka, coordenador da CBDA e chefe de equipe no Pan.
A meta ainda inclui buscar finais com todos os atletas. Com exceção de uma das vagas nos 100 metros costas, já que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) não deve conseguir inscrever um substituto na vaga de Maria Luiza Pessanha, com uma lesão no punho sofrida dias antes da commpetição.
Entre os destaques da delegação brasileira estão Bruno Fratus, entre os homens, e Etiene Medeiros, entre as mulheres. Os dois subiram ao pódio no Mundial de Gwangju. Ele foi prata nos 50m livre. Já ela conquistou a prata nos 50m costas.
Uma das principais atrações desta terça-feira será a disputa do revezamento 4x100m, ouro no Pan-Pacífico de Tóquio, no ano passado. Sem perder o favoritismo, o quarteto entrará na piscina de Lima com o desafio de superar a ausência de Gabriel Santos, suspenso por ter sido flagrado no exame antidoping. Fratus foi o escolhido para substituí-lo. Mas só entrará na final. Foi com esta formação que o Brasil terminou com o sexto melhor tempo da prova no Mundial, colocação considerada como abaixo das expectativas.
CBDA em estado de pré-falência
Enquanto o otimismo é grande em Lima, no Brasil o esporte ganhou mais um capítulo de sua crise. O Comitê de ética do COB divulgou, nesta segunda, sua decisão referente às denúncias contra a CBDA apresentadas pelo comitê de atletas do órgão e pelo ex-diretor Renato Cordani. Além de aplicar uma advertência pública, o documento expõe ações de bastidores e que vinham sendo questionadas.
Segundo o comitê de ética, a CBDA encontra-se em estado de pré-falência. Por isso e por causa de práticas que incluem o pagamento de R$ 22 mil mensais ao presidennte Miguel Cagnoni (num momento em que a confederação se encontra proibida de receber recursos da Lei Agnelo-Piva) e a contratação de serviços sem licitação, o órgão recomendou ao COB que reavalie o execução indireta das verbas da entidade e que fiscalize suas práticas administrativo financeiras.
À CBDA, o comitê de ética recomendou, entre outras medidas, a antecipação de suas eleições. Na semana passada, Cagnoni resistiu a pressão das federações nacionais e não renunciou ao cargo. A entidade atravessa grave crise financeira. Além do bloqueio dos repasses da Lei Agnelo-Piva (é o COB quem executa este dinheiro, com o objetivo de financiar a realização de eventos e a participação dos atletas em competições internacionais).
*O repórter viaja a convite da Promperú
Fonte: O Globo