Na última semana, o jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem revelando que a Apple contrata prestadores de serviço para ouvir gravações da assistente virtual Siri, sendo possível ouvir detalhes privados de seus usuários no processo.
De acordo com o texto, gravações são guardadas e enviadas para esta companhia com objetivo de estudar e analisar os padrões de fala das pessoas, para melhorar a capacidade de escuta e interpretação de Siri – o que a Apple chama de “grading” (ou avaliação, em tradução livre).
O principal problema, de acordo com um empregado que serviu como fonte para o jornal, é que ativações acidentais da assistente virtual podem ser gravadas e enviadas para estes prestadores de serviço, que são capaz de ouvir detalhes íntimos de usuários.
“Já houveram inúmeros casos de gravações com discussões privadas entre médicos e pacientes, acordos de negócios, acordos aparentemente criminosos, encontros sexuais e por aí vai”, disse o whistleblower. “Estas gravações são acompanhadas por dados de usuário mostrando local, detalhes de contato, e dados de aplicativo.”
Estas ativações acidentais vão desde casos em que a Siri “ouve” suas palavras para interação, apertos de botões sem querer, e dispositivos como o Apple Watch.
A fonte também disse que a empresa terceirizada não reforça a seus prestadores de serviço a manter um nível de privacidade destes usuários, o que pode levar a consequências preocupantes.
“Se houver alguém com intenções nefastas, não seria difícil identificar [as pessoas nas gravações]”, disse.
Sendo assim, a Apple comunicou ao site The Verge que está, por ora, suspendendo o processo de avaliação da Siri.
“Estamos comprometidos em trazer uma ótima experiência com Siri enquanto protegemos a privacidade de usuários”, diz o comunicado. “Enquanto conduzimos uma análise aprofundada, estamos suspendendo globalmente a avaliação da Siri. Adicionalmente, como parte de um update de software futuro, usuários terão a habilidade de escolher em participar na avaliação.”
The Verge nota, porém, que a companhia não declarou se deixará de manter as gravações em seus servidores.
Em contraste, a Amazon, com Alexa, e o Google com seu Assistant também utilizam e analisam gravações de usuários por meio de funcionários e trabalhadores contratados, mas dão a opção de não participar neste processo.
Fonte: The Enemy