As regras do Ranking de Treinadores do GLOBO são claras: cada competição tem seu valor. Uma vitória em um mata-mata da Libertadores ou da Copa do Brasil, por exemplo, vale mais que um triunfo rotineiro pelo Brasileiro. A ideia é equilibrar todos as competições para se ter um panorama geral de quais técnicos estão em melhor momento. Assim, o torneio da CBF não é um atalho, mas uma chance para, de grão em grão, o treinador encher o papo. Foi o que fez o argentino Jorge Sampaoli, do Santos, pela primeira vez entre os dez mais bem ranqueados.
Dois meses depois da última atualização, o Santos de Sampaoli decolou. Entre junho e julho ? meses cortados pela Copa América ? perdeu para o Atlético-MG e foi eliminado da Copa do Brasil, mas conquistou seis vitórias consecutivas pelo Brasileiro, ultrapassando o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, que pelo quinto mês consecutivo é primeiro colocado no ranking, graças principalmente ao desempenho no segundo semestre de 2018 ? o levantamento abrange o desempenho dos treinadores nos últimos 12 meses corridos.
De 39º para 9º
Em sete meses, Sampaoli só evoluiu. Estreou no levantamento de janeiro na 39ª colocação e só subiu desde então: foi 32º em fevereiro, avançou para 24º em março, 19º em abril, 11º em maio, para finalmente entrar no top 10, alcançando a nona posição. As eliminações nas competições de mata-mata impedem o treinador de disputar os jogos que poderiam dar mais pontos e, quem sabe, desafiar o top 5. Entre os cinco primeiros, todos estão na semifinal da Copa do Brasil ou nas quartas da Libertadores.
O fato de não ter que pensar em outros torneios, porém, pode ser um trunfo para que o argentino siga vencendo no Brasileiro. E as semanas cheias de treino em agosto e setembro são um luxo que poucos, como o argentino, terão.
Mas o que aconteceu com o time que foi facilmente batido pelo fraco River Plate, do Uruguai, e perdeu uma classificação que parecia certa contra o Atlético-MG na Copa do Brasil? O clichê seria dizer que Sampaoli, finalmente, encontrou o time. Mas se é verdade, não foi repetindo a equipe em campo: em 39 jogos até aqui em 2019, só duas vezes ele usou a mesma escalação. A escalada do treinador tem mais a ver com insistências nas suas convicções e o fundamental tempo de trabalho: sete meses ainda não é uma eternidade, mas é suficiente para o Santos entoar outro clichê: o que diz que o time tem a cara do treinador.
?Temos que saber que nosso maior rival agora somos nós mesmos. O ânimo está alto. O futebol muda muito rápido. É preciso estar atento e concentrado. Agora, quero apertar para que melhorem, para que fixem os conceitos e joguem como jogaram hoje. Gerando chances de gol, atacando e pressionando. Precisamos desse estado de ânimo que nos permita melhorar ? disse Sampaoli após a vitória por 3 a 1 contra o Avaí que deu ao Santos a liderança do Brasileirão.
Tiago Nunes avança
Entre os primeiros colocados, a grande mudança foi o avanço de Tiago Nunes, do Athletico-PR, que saiu de quarto em junho, ultrapassou Mano Menezes e Renato, e mesmo eliminado da Libertadores, assumiu a vice-liderança. Grande parte pela eliminação do Flamengo de Jorge Jesus na Copa do Brasil. O português estreou bem no ranking: o bom desempenho do rubro-negro em junho o levou à 13ª colocação.
Outro estreante digno de nota é Rodrigo Santana, do Atlético-MG, finalmente efetivado no cargo ? o ranking não leva em conta treinadores interinos. Com quatro meses de trabalho, boa campanha no Brasileiro e na Sul-Americana, ele já é 7º.
Fonte: O Globo