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No ringue da vida ou na quadra do badminton, a hora decisiva para Ygor



Da arquibancada, uma pessoa gritava para Ygor Coelho: “Não tenha piedade?. Enquanto isso, seu adversário, o canadense Jason Ho-Shue, tentava se levantar do chão. Pode até parecer que se tratava de uma disputa de boxe, mas era badminton. O brasileiro, de fato, não teve pena do rival. Após dois sets marcados por forte tensão, Ygor não perdoou o oponente no terceiro e liquidou a partida. Uma vitória por 2 a 1 que o permitiu fazer história. Nesta sexta-feira, pela primeira vez um representante do país jogará uma final da modalidade nos Jogos Pan-Americanos.

A quadra do badminton em nada se assemelha a um ringue. Mas, quando entra nela, o carioca de 22 anos parece estar em um. A raquete se transforma em luvas. E o golpe que dá na peteca recebe a força de um soco. Não é por acaso.

? Gosto de samba. Mas sabe? Agora tenho nova playlist. Do filme “Creed? ? conta, referindo-se ao mais recente capítulo nos cinemas da longa saga do boxeador Rocky Balboa, vivido por Sylvester Stallone. ? Eu me sinto um lutador.

O sentimento é fácil de entender quando se leva em consideração toda a história de Ygor. Cria da favela da Chacrinha, deu as primeiras raquetadas no piso de cimento de casa. O material era todo de doações. Quando quebrava, precisava ser remendado pelo pai, Sebastião de Oliveira. Hoje, aquele cenário se transformou num projeto que funciona na própria comunidade e ajuda a revelar talentos para o esporte. Uma história já famosa, mas que hoje pode ganhar mais um capítulo.

? Estar na final é um orgulho. Por ter vindo da Chacrinha. Pelo meu pai, que luta tanto pelas crianças. E por eu ser fruto deste trabalho. Representar meu país é uma honra ? comenta o jovem, que logo após a vitória na semifinal conversou por telefone com alguns atletas do Miratos, o projeto de seu pai.

Hoje, Ygor vive na Dinamarca, mas nem por isso sua luta terminou. No atual ciclo olímpico, ele sofreu dois revezes: perdeu os patrocínios das Forças Armadas e da Secretaria de Esportes do Rio. Com uma verba mais limitada, reduziu o número de competições internacionais das quais participa ? fundamentais para pontuar no ranking:

? Participar do World Tour é muito caro. Tem que selecionar muito bem o que vai jogar. Os outros atletas não selecionam tanto, participam de tudo. Tenho os torneios contados para jogar. Se falhar em um deles, não sei o que fazer.

Canadense como rival

Ygor Coelho é o número 59 do mundo e o primeiro do continente. Seu adversário na decisão será outro canadense, Brian Yang, número 105 do planeta. O torneio em Lima conta pontos para a corrida olímpica. Depois de superar uma lesão recente na panturrilha esquerda, ele se considera pronto para dar o golpe mais importante de sua carreira:

? Espero lutar como neste jogo. Se tiver que acontecer, o ouro virá.

As duplas Fabiana Silva e Tamires Santos e os irmãos Fabrício e Francielton Farias levaram o bronze. Eles perderam na semifinal, mas não há disputa pelo terceiro lugar.

* O repórter viaja a convite da PromPerú matérias fechadas

Fonte: O Globo


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