Se existissem evidências de que um único alimento pudesse aumentar a nossa libido, a potência ou o prazer sexual, provavelmente ele venderia que nem água.
Ao que se sabe, uma dieta balanceada, um estilo de vida ativo e boa saúde mental é o que realmente pode melhorar sua vida sexual. Mas será que existem alimentos específicos que sejam “afrodisíacos naturais”?
Ingredientes que despertam a liberação de hormônios ligados à felicidade, como a endorfina; que contenham nutrientes associados à libido ou que simplesmente estejam relacionados à riqueza e ao sucesso costumam ser alvo da crença popular de que aumentariam o desejo sexual.
Vamos dar uma olhada na ciência e na história por detrás das teorias, e considerar se algum desses alimentos podem realmente melhorar a sua vida sexual.
Comer ostras realmente funciona?
Reza a lenda que o italiano Giacomo Casanova (1725-1798), um dos amantes mais famosos da história, comia 50 ostras todo café da manhã.
Apesar disso, não existem provas de que o hábito de comer ostras esteja realmente ligado a um maior apetite sexual. Então, de onde veio essa crença?
A lenda diz que Afrodite, a deusa grega do amor, beleza e sexualidade, nasceu a partir da espuma do mar. Por isso, os frutos do mar ganharam uma aura afrodisíaca.
Mas há pelo menos uma boa notícia para os apreciadores das ostras: os moluscos são ricos em zinco, que é um nutriente essencial para a produção de testosterona, o hormônio masculino.
A pesquisa mais recente na área sugere que o zinco pode ser usado para tratar a infertilidade masculina e aumentar a qualidade dos espermatozoides.
Outras boas fontes de zinco são mariscos, carne vermelha, sementes (de abóbora, cânhamo, gergelim), castanhas (de caju, do pará, amêndoas), legumes (grão de bico e alguns tipos de feijão), leite e queijo.
Chocolate amargo pode te fazer um amante melhor?
Comer chocolate amargo pode te dar uma sensação parecida com a de se apaixonar, de acordo com pesquisadores. Isto acontece porque a iguaria contém uma substância chamada feniletilamina (PEA, na sigla em inglês). Esta é conhecida como “droga do amor”.
A PEA – que corre solta pelo cérebro nos primeiros meses de um relacionamento – estimula a liberação do hormônio do bem-estar, a dopamina.
No entanto, o chocolate amargo contém apenas uma quantidade pequena de PEA, e há dúvidas sobre se ele permanece ativo depois de ingerido.
O cacau também contém um aminoácido chamado triptofano, que seria capaz de aumentar a irrigação sanguínea e os níveis de serotonina (um outro “hormônio da felicidade” produzido pelo corpo).
Então quando começou a ligação entre chocolate e desejo sexual? Provavelmente, em algum momento do século 16.
O primeiro europeu a provar chocolate teria sido o conquistador espanhol Hernán Cortéz, no século 16. Ele liderou uma expedição aos impérios maia e asteca, tomando o controle da maior parte do que é hoje o México moderno para o Reino de Castilla, na Espanha.
Cortéz escreveu ao rei de Castilla dizendo que havia visto os maias bebendo uma mistura de cacau, que “aumenta a resistência física e combate a fadiga”.
Entretanto, os antigos castelhanos podem ter atribuído benefícios médicos ao chocolate que os maias não levavam em consideração. E certamente não há evidências científicas que apoiem seu uso como afrodisíaco.
Em compensação, você pode encontrar o triptofano, presente no chocolate, em várias outras fontes: salmão, ovos, carne de frango, espinafre, sementes, castanhas e produtos à base de soja.
Pimentas podem temperar a sua vida amorosa?
O “ardido” das pimentas vem de uma substância chamada capsaicina, e há pesquisas mostrando que esse composto químico pode induzir a liberação de endorfina (sim, outro hormônio do bem-estar) para criar uma espécie de “barato” da pimenta.
A pimenta também aumenta o metabolismo e eleva a temperatura corporal e os batimentos cardíacos – reações fisiológicas similares às que temos quando fazemos sexo.
Apenas lembre-se de lavar bem as mãos depois de manusear pimenta!
Álcool ajuda ou atrapalha?
O álcool pode aumentar o desejo sexual ao diminuir a timidez. Mas, como lembra o personagem de Shakespeare, Macbeth, o álcool “provoca o desejo, mas leva embora a performance”.
A sensibilidade também é reduzida em homens e mulheres que bebem muito álcool, e, ao longo do tempo, a bebida pode diminuir seu desejo sexual e até induzir a impotência, em casos graves.
Além disso, cheirar a boteco também não é exatamente excitante.
Como você pode diminuir o seu risco de disfunção erétil?
Pesquisas recentes sugerem que o consumo de alimentos ricos em certos flavonoides – compostos extraídos de plantas – está associado a um risco reduzido de disfunção erétil (DE).
Um estudo descobriu que um flavonoide em particular, a antocianina (encontrada em mirtilos), e outros encontrados em frutas cítricas, oferecem o potencial de prevenir a disfunção erétil.
Uma ingestão maior de frutas está associada a uma redução de 14% no risco de disfunção erétil e uma combinação de consumo de alimentos ricos em flavonoides e exercício físico pode reduzir o risco em 21%.
Então, mande ver na salada de frutas!
Outras pesquisas sugerem que a chamada “dieta mediterrânea” pode ser eficaz na prevenção da disfunção erétil e na preservação da função sexual. Este tipo de dieta é baseada em grãos integrais, frutas, verduras, legumes, amêndoas, nozes e azeite de oliva.
Outras fontes de antocianina incluem cerejas, amoras, cranberries, framboesas, algumas uvas, beringelas e repolho roxo.
Afrodisíacos em resumo
Os afrodisíacos podem ser divididos em três categorias: os que estimulam a libido, os relacionados à potência sexual e os que estimulam o prazer.
Mas não há nenhuma evidência científica de que algum deles realmente funcione, pois é muito difícil medir o sucesso desses alimentos.
Na verdade, o único alimento afrodisíaco realmente comprovado é … o cheiro de frutas maduras e podres. E só é eficaz em moscas de fruta masculinas.
O Dr. Krychman, especialista em saúde sexual, diz acreditar que as pessoas comem alimentos ditos afrodisíacos simplesmente porque acreditam que vão funcionar. E questiona: se algo funcionou para você, importa o porquê?
Muitos dos chamados afrodisíacos são alimentos saudáveis. Mas é aconselhável ficar longe de extratos de plantas e substâncias que não tenham sua segurança comprovada; e de qualquer coisa que alegue ser uma cura milagrosa.
Doenças associadas ao baixo desejo sexual
Se você sofre com a falta de libido, é possível que o problema esteja associado a uma doença de fundo. Portanto, é melhor consultar o seu médico antes.
Fonte: Terra Saúde