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Fluminense vê pressão da tabela chegar ao campo



Algumas notícias ruins acompanharam o torcedor tricolor na volta para casa ontem. O 1 a 1 com o Ceará, no Maracanã, foi só uma delas. O time voltou da Copa América com as mesmas intenções ofensivas, segue controlando jogos, tendo momentos de alto nível, mas com a mesma dificuldade de obter resultados. Em especial, pela falta de eficácia nas duas áreas, onde no fim das contas o jogo se decide. Para piorar, a pressão por estar na parte baixa da tabela parece chegar ao campo.

O roteiro do primeiro tempo é a prova de como o futebol é um jogo indomável. Primeiro pela forma e momento em que o Fluminense construiu sua vantagem, e depois pela maneira como a perdeu.

Foram 25 minutos brilhantes de um tricolor que criava oportunidades de gol por diferentes caminhos. O principal deles, seguindo os pilares de seu modelo, trocando passes desde a defesa, com liberdade de movimentos e aproximações entre jogadores. Foi assim que João Pedro assustou duas vezes o Ceará, uma delas obrigando Diogo Silva a ótima defesa. Mas o time de Fernando Diniz também era intenso para roubar a bola no ataque e construir jogadas em ações rápidas, como no lance desperdiçado por Yony.

E enquanto controlou ações, o tricolor teve em campo um daqueles jogadores que dá prazer de ver, que justifica a ida ao estádio: Paulo Henrique Ganso distribuiu o jogo mais atrás, deu passes em profundidade perto da área, tentou finalizar, desarmou, regeu o jogo.

Ganso teve grande atuação no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Ganso teve grande atuação no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo

 

Em parte porque o Ceará o vigiou, em parte porque o time baixou a produção, o Fluminense já tinha mais dificuldade de criar quando achou o seu gol. Foi um desses lances em que o futebol ensina que, por vezes, apenas o futebol jogado com a cartilha de seu modelo não basta. Dominar, ter a bola, envolver, criar chances, tudo isso é um caminho que o aproxima de vencer. Mas é sempre bom dominar outras armas. E, num córner, Pedro fez o gol que o tornou unanimidade num Maracanã que se dividira entre vaias e aplausos antes do início, magoado com seu flerte com o Flamengo.

Mas o futebol é traiçoeiro. O que não exime o Fluminensne de culpa por defender mal sua área. Na primeira chance do Ceará no jogo, após um córner, Tiago Alves marcou de bicicleta.

O gol mudou as circunstâncias do jogo, só não alterou a disposição do Fluminense de buscar o gol. Movia-se por dois fatores: as convicções de Fernando Diniz e a necessidade. Mas logo no início, o gol anulado de Mateus Gonçalves num contragolpe dava sinais de que haveria riscos.

Nada que Diniz não se disponha a assumir. Tanto que colocou o atacante Marcos Paulo no lugar do volante Yuri, o único dos onze tricolores com características de meia mais defensivo. Marcos Paulo entrou como um terceiro meio-campista.

Fernando Diniz ouviu críticas das arquibancadas, mas time correu poucos riscos no segundo tempo Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Fernando Diniz ouviu críticas das arquibancadas, mas time correu poucos riscos no segundo tempo Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo

A partir daí, o Fluminense teve méritos e problemas. De bom, conseguiu sofrer poucos sustos com uma formação tão ousada. Mas o time, embora acumulasse peças no ataque, perdeu um pouco de organização ofensiva. A dificuldade em alguns momentos refletiu a falta que o time sente quando Allan não joga.

Tendia a afunilar o jogo e batia contra um muro. A esta altura, criava menos e parecia mais tenso. Embora apenas um quarto do campeonato tenha sido jogado, a classificação já é motivo de pressão.

A entrada de Igor Julião na vaga de Gilberto, que teve noite ruim, foi a cartada de Diniz para ganhar o jogo pelo lado. Ele teve uma boa chance, mas foi da esquerda que veio o cruzamento para Pedro quase marcar, já perto do fim. A pressão tricolor era sufocante, mas o time transformava sua urgência em pressa e afobação. Não achou o caminho do gol.

Fonte: O Globo


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