No auge, Nenê era o meia-atacante que todos os times brasileiros gostariam de ter em seu elenco. Mas aos 37 anos, o jogador que tem acerto encaminhado com o Fluminense divide opiniões.
Idade, alto salário, gênio difícil, falta de intensidade, pouca profundidade, recomposição, lentidão, encaixe com Ganso… os argumentos de quem é contrário à vinda de Nenê são muitos.
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Mas como o meia pode ajudar o Fluminense de Fernando Diniz? Acostumado a atuar pelo lado esquerdo ou avançado pelo centro, Nenê é opção interessante para substituir Luciano, de saída para o Atlético-MG. Sem a mesma intensidade e doação na recomposição – onde o artilheiro do Flu no ano também não é dos mais eficientes -, o experiente jogador compensa em dois pontos fracos da equipe: bola parada e passes decisivos.
Contratado para ser o articulador do time, Ganso não é sombra do jogador que surgiu no Santos. Mas isso não quer dizer que a performance não é boa. Um pouco mais recuado e ditando o ritmo da posse de bola, o camisa 10 tricolor faz boa temporada ao que se propõe. Com mais confiança, tem chegado mais à área e virou o batedor oficial de pênaltis da equipe.
Os dados do Footstats ajudam a ilustrar a importância que Nenê pode ter para fazer o Fluminense evoluir em eficiência ofensiva.
Precisão e liderança em cruzamentos
Nenê pode tirar um pouco da pressão sobre Ganso. De rara precisão batendo na bola, o jogador chega para cobrar faltas, escanteios e pênaltis, aumentando o poder de fogo de uma equipe de bons cabeceadores, mas com problemas nos cruzamentos.
O Fluminense é a segunda equipe que menos acerta centros na área no Campeonato Brasileiro. É também a nona que menos tenta. Em 2018, Nenê foi o melhor da Série A no quesito, tanto em números absolutos (261) como em cruzamentos certos por partida (2,3).
Já nos passes decisivos, o novo meia tricolor pode ter problema com quem os recebe. O Fluminense é o quarto time que mais erra finalizações na competição em números absolutos e o sexto pior em aproveitamento. Além disso, é justamente Luciano o jogador que mais finaliza na equipe. Em aproveitamento, o melhor é o jovem João Pedro, com impressionantes 80%. Com Nenê, que dá menos profundidade ao time, jogando mais por dentro, a tendência é que existam ainda menos espaços para passes que quebram linhas.
Em assistências, os dados são ainda mais alarmantes. O Fluminense tem apenas cinco em nove rodadas, sexta pior marca da competição. Em 2018, Nenê foi o quinto melhor assistente do Campeonato Brasileiro, com cinco passes para gol.
Para que o novo meia do Flu tenha espaço e chances, entretanto, Diniz precisará acertar a marcação pelo lado direito – já um problema até aqui. Foi pelo lado de Gilberto (ou Igor Julião), ambos laterais ofensivos, que saiu a maioria dos 16 gols sofridos pelo Tricolor no Brasileirão. A equipe tem a pior defesa da Série A.
Fonte: O Globo