Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o ex-governador Sérgio Cabral afirmou que comprou votos de delegados do Comitê Olímpico Internacional em 2009 a fim de garantir que o Rio fosse sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
O ex-governador disse que o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, indicou a intermediação do presidente da Federação Internacional de Atletismo, o senegalês Lamine Diack, para que o esquema prosperasse. O ex-diretor do Rio-2016, Leonardo Gryner, que também é acusado, estava presente na conversa, segundo o ex-governador.
“O Nuzman me disse: o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, se abre para vantagens indevidas”, disse Cabral ao juiz Bretas.
No depoimento, iniciado às 14h30 desta quinta, Cabral afirmou que o ex-nadador russo Aleksandr Popov foi um dos que receberam propina para votar na candidatura do Rio, que disputava o direito aos Jogos de 2016 com Madri, Chicago e Tóquio.
Cabral também afirmou que o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tinham conhecimento da compra de votos. Cabral, no entanto, disse que ambos não participaram da negociação.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Cabral, Nuzman e Gryner solicitaram diretamente ao empresário Arthur Soares Filho, dono de empresas que prestavam serviços terceirizados ao governo do estado e à prefeitura do Rio, o pagamento de US$ 2 milhões a Papa Diack, filho de Lamine. Os quatro brasileiros foram denunciados por corrupção.
Outro lado
O advogado de Carlos Arthur Nuzman, Nélio Machado, negou todas as acusações de Cabral.
Em contato com a reportagem, o ex-prefeito Eduardo Paes nega ter participado de compra de votos e de ter sido informado antes ou depois da eleição do COI.
? Como ele disse, não participei de compra de voto nenhuma e também não fui informado disso. Essas conversas eu nem tenho. Tanto é assim que, pelo que conta o ex-governador, o Sr. Nuzman procurou somente ele para tratar desse tema. Não teria coragem para tratar comigo.
O GLOBO ainda tenta contato com as defesas de Lula e Gryner. O caso foi revelado em março de 2017 pelo jornal francês “Le Monde”.
Mais informações em instantes.
Fonte: O Globo