A discussão na Copa do Mundo era se um deveria substituir o outro. Mas a Copa América chegou e com ela uma mudança na relação entre Gabriel Jesus e Firmino. Não que houvesse rusga entre os dois. Mas os ajustes de Tite mudaram o status dos atacantes: de concorrentes, eles viraram parceiros na seleção brasileira. A vitória na semifinal diante da Argentina traz o melhor extrato dessa combinação: ambos fizeram gols e um deu assistência para o outro.
ANÁLISE: Título poderia renovar confiança no futebol brasileiro
Prioritariamente, Gabriel joga aberto, mas o cenário é de alternância na área, o que acaba confundindo a marcação. Foi assim que nasceu o primeiro gol do Brasil no Mineirão, quando Firmino serviu o camisa 9 em um cruzamento rasteiro. A retribuição se deu em um contra-ataque da seleção puxado por Gabriel, que limpou o zagueiro e serviu Firmino – diante do gol vazio.
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? Não só eu e o Firmino. Mas todo mundo. Tem que enaltecer a equipe inteira. Não só os autores dos gols. Você vê que a magia brasileira está viva ? disse Gabriel Jesus, após a partida.
Roberto Firmino virou titular depois da Copa do Mundo por causa do momento de baixa vivido por Gabriel. Zerado na Rússia, ele se viu questionado e cobrado para que tivesse um papel mais decisivo ofensivamente ? sem acompanhar lateral adversário, sendo o centroavante do time. Além disso, o camisa 20 teve uma temporada muito boa pelo Liverpool, culminando com o título da Liga dos Campeões. Para Gabriel, o pós-Copa ainda teve menos minutos em ação pelo Manchester City e uma dificuldade para retomar espaço na seleção.
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A dobradinha Gabriel Jesus-Firmino foi uma alternativa usada por Tite já na Copa-2018, em uma modalidade de 4-4-2. Nela, o atacante do Liverpool exercia uma função de articulação, enquanto Gabriel, em tese, era quem ficava preso entre os zagueiros.
Com a queda de produção de Gabriel Jesus, a parceria entre os dois só voltou a acontecer em março, no amistoso contra a República Tcheca. Em Praga, Firmino fez o primeiro gol e Gabriel, que entrou no segundo tempo, os outros dois da vitória de virada por 3 a 1.
Artilheiro da era Tite, com 17 gols, Gabriel recuperou a confiança e o bom desempenho. Desde a Copa-2018, Jesus fez sete gols pela seleção. Firmino tem cinco. Nesta Copa América, a queda de produtividade de Richarlison, antes mesmo da caxumba, abriu uma brecha no lado direito do ataque brasileiro. Foi ali que Tite achou espaço para reinserir o atacante do City no time titular.
? O Gabriel cativa todos os profissionais que trabalham com ele. Tem uma marca: nunca se entrega. Ele suporta a pancada e vai para o jogo. Ainda vai refinar a finalização, ele é jovem, vai evoluir nesse aspecto. Se você vê o trabalho dele, se pedir 50 finalizações num treino, ele dá 51. Ele cativa assim ? comentou o treinador na coletiva pós-classificação à final da competição continental.
Com a dupla subindo de produção depois das dificuldades ofensivas nesta Copa América, o Brasil chega embalado para a final de domingo, no Maracanã. O adversário será Chile ou Peru.
Fonte: O Globo