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Após marca, brasileiro do arremesso de peso mira pódios em Pan e Olimpíada



SÃO PAULO – Dois dias depois de conseguir a 10ª melhor marca da história do arremesso do peso , prova do atletismo , Darlan Romani , 28, enfrenta nesta terça-feira um adversário tão duro quanto o norte-americano Ryan Crouser, líder do ranking mundial: os apertados bancos de avião.

? Essa temporada será pesada. As viagens são muito longas. É quase uma tortura. Estou na Califórnia (costa oeste dos EUA). Daqui a pouco vou para a Espanha. São 12 horas de viagem ? conta o brasileiro, do alto de seus 1,88m e 150 kg.

? Durante a viagem, tento ficar confortável. Aproveito a hora de ir ao banheiro para tentar dar uma mexida nas pernas ? acrescenta ele, que vai ganhar muita milhagem na temporada. Darlan ainda terá os Jogos Pan-Americanos de Lima (a partir de 26 de julho), o Mundial de atletismo do Qatar (28 de setembro) e duas etapas da Liga Diamante (Paris, em agosto, e Bruxelas, em setembro) como principais competições até o final da temporada. No caminho, alguns retornos ao país para rever a família e disputar o Troféu Brasil , no fim de agosto, em Bragança Paulista.

? O problema é que este ano é muito longo. Está sendo um desafio para atletas e treinadores. Até agora tem caminhado bem ? diz.

No último domingo, Darlan bateu o recorde sul-americano com a marca de 22,61 m para vencer a etapa de Eugene (EUA) da Liga Diamante. Apenas Crouser, campeão olímpico no Rio-2016, conseguiu índices melhores neste ano.

? Não gosto de fazer previsão. Mas a gente sonha alto. Se acertar no dia, se tudo acontecer como a gente quer, podemos ter bons resultados. Estou no caminho para realizar meus sonhos. O foco é a Olimpíada (Tóquio-2020) ? afirma Darlan, que se destaca internacionalmente em uma prova na qual o Brasil não possui tradição alguma.      

O garoto foi descoberto em Concórdia (SC), onde a prefeitura mantinha projeto para a descoberta de talentos para o atletismo.

? Eles levavam os equipamentos nas escolas. Quem se destacava em corridas, saltos ou arremessos, era levado para treinar no estádio principal da cidade. Comecei em 2004 e fui seguindo ? conta ele, que teve como rival o irmão, Vinícius.

? Ele fez (arremessos de) peso, disco e martelo. Desistiu quando eu comecei a vencê-lo ? brinca Darlan.      Rivais nas provas, os irmãos se uniram em uma homenagem inusitada. Moacir, pai da dupla, que era motorista de ônibus, morreu em acidente em 2012. O episódio traumático fez cada irmão comprar uma Kombi para lembrar o pai, que dirigia o modelo quando os dois eram pequenos.

? Meu irmão achou uma igualzinha. Reformou toda. Ficou a coisa mais linda. Ele me falou para comprar uma também ? conta. Romani adquiriu um modelo 1971, mais antigo que o do pai.  

? A Kombi dele era 1974. Quando comprei, não tinha nem dinheiro. Paguei parcelado no cartão ? diverte-se ele, que hoje tem o carro como atração em projeto social de que participa.      

? Visitamos as escolas para apresentar o atletismo para as crianças. Levo tudo na Kombi. Quando me perguntam do carro, conto essa história ? diz o catarinense.

Fonte: O Globo


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