esporte »

Vinicius Junior, exclusivo: 'Zidane me pega a cada treino para melhorar finalização'



Prestes a completar 19 anos, Vinicius Junior faz um balanço da primeira temporada na Espanha, dos efeitos das trocas de técnicos e da amizade com Benzema.

LEIA MAIS: Como a equipe de Vinicius Junior protege sua carreira

Em que você mais evoluiu nesta primeira temporada na Espanha?

Acho que em tudo. Quando cheguei era um jogador totalmente diferente do que sou. Aprendi bastante com o pessoal do clube e com cada treinador. Na parte tática, evoluí bastante. Perder menos a bola, ter mais tranquilidade de definir jogadas. A maioria dos treinos lá é melhor do que o jogo aqui. Mesmo no treino ninguém quer perder, quer evoluir todo dia. Jogadores como Sergio Ramos e Benzema, acima dos 30 anos, trabalham mais do que os demais. A inspiração de estar ao lado dos melhores também faz crescer.

VEJA TAMBÉM: Flu bate o pé por multa, e Fla desiste de Pedro

Muito se falou sobre tomada de decisão, a hora de passar e a de driblar. É uma questão?

Sim, e sigo trabalhando. Em todo fim de treinamento, o Zidane me pega para um trabalho de finalização. E os jogadores me indicam o melhor momento.

VINI JR: Em dois meses no Real, evoluí o que levaria um ano no Brasil’

Já ouviu conselhos para passar mais e driblar menos?

Eles [a comissão técnica] me deixaram muito à vontade. E já cheguei sabendo do momento certo de driblar, de partir para cima. Leio bem isso. Erro algumas vezes, mas é normal da idade.

O quanto te afetou ter três treinadores [Lopetegui, Solari e Zidane] numa temporada?

É ruim ficar mudando muito. Mas, para jogadores no meu momento, é bom, porque você aprende um pouco de cada treinador.

O time viveu uma crise, saiu cedo da disputa do Espanhol e da Champions. Isto mexeu com você? Ou te deixou mais livre para jogar da sua forma?

Desde o Flamengo eu quero é jogar. Quero sempre ajudar. E, naquele momento, precisavam de um jogador que partisse para cima, tentasse o drible. Ficou mais fácil porque todos no clube me deram confiança.

Foi difícil ser o Vinicius Junior habitual com tantas estrelas?

Não. O pessoal do clube, como o Marcelo e o Casemiro, me ajudou a ficar de cabeça tranquila e pensar só em jogar. É o que tenho feito. Aí as coisas rolam naturalmente.

Vinicius Junior está prestes a começar a segunda temporada no Real Madrid Foto: Leo Martins
Vinicius Junior está prestes a começar a segunda temporada no Real Madrid Foto: Leo Martins

Qual foi sua primeira reação ao entrar no vestiário com aquela constelação?

Fiquei um pouco impressionado. Mas, quando cheguei, tinha poucos por causa da Copa da Rússia. Tinha só o [atacante galês Gareth] Bale e o Karim [Benzema, atacante francês]. Os dois me receberam superbem. O problema é que não tinha nem Casemiro, nem Marcelo. Foi meio complicado porque eu não entendia nada de espanhol.

E quem te adotou?

O Karim. Desde o primeiro dia me deu conselhos e me puxou para perto dele. Ele sempre pensa na frente dos demais, fez de tudo para me ajudar. Num jogo com o Atlético de Madrid, eu estava mal, errei uma bola e saiu um gol [de Griezmann, empatando a partida]. O Karim então me “tirou? um pouco do jogo: veio para a ponta e me mandou ficar uns 5 minutos de centroavante para respirar e voltar [o Real venceu, 3 a 1].

Você explorou mais a diagonal para a área neste Real Madrid que é mais móvel?

Sim. O time fica mais com a bola e os adversários jogam mais juntos. Se ficar só na ponta não tem muito o que fazer, se a bola não chegar.

Concorda que no Brasil é mais fácil jogar, que há mais espaço?

Depende do jogo. Acho que na Espanha dão mais espaço do que aqui. Aqui os adversários não deixam virar de frente. Lá eles são muito certinhos (taticamente), fazem o que o técnico manda. Mas se nosso time mexe a bola rápido, pela qualidade que tem, consigo ficar no mano a mano mais vezes. Num Real x Barcelona tem mais espaço. E como são jogadores diferentes, saem mais gols. Por isso é o maior clássico do mundo.

A chegada do Hazard pode te mover para a direita. Seria um problema?

Aí depende do que o Zidane vai achar. Tenho um pouco mais de dificuldade, mas não tem problema.

No início do ano houve uma sequência de jogos com o Barcelona. Num deles, o time te achava com facilidade. No jogo seguinte entrou Sergi Roberto pela lateral, Rakitic jogou mais pela direita, numa clara tentativa de te anular. Você sentiu que, conforme você aparecia, a forma de marcá-lo mudou?

Quando eu chego, o pessoal não me conhece. É como quando subo da base. Lá eles estudam muito um ao outro. Joguei três vezes contra o Barcelona. Na terceira, eles mudaram a marcação.

Qual a mudança? Evitavam que você corresse às costas do lateral?

Eles encurtavam o espaço. Mas acabavam dando espaço assim mesmo. Porque os dois times tentam jogar com a bola e, quando perdem, sempre tem espaço.

Quando você foi contratado, o Zidane era o treinador. Agora ele voltou ao clube. Vocês conversaram? Ele disse o que fez com que ele se interessasse por seu futebol?

Ele me fala para trabalhar muito, porque sou jovem. E não escutar pessoas de fora, escutar minha família e o pessoal do clube, que com ele ali e com os jogadores eu vou evoluir.

Fonte: O Globo


Comente