“Shhh. Fala baixo que os caras estão escutando?.
Por mais que Thiago Silva brinque ao tentar manter a falsa sensação de segredo ao conversar com o GLOBO, está clara a importância da bola parada ofensiva na seleção brasileira. E o zagueiro exerce um papel fundamental nessa arma para descomplicar partidas. Foi assim contra o Peru, nesta Copa América, e contra Honduras, no amistoso que antecedeu a competição continental.
Desde a Copa do Mundo, a seleção brasileira fez 13 jogos e balançou as redes em 12 ? a exceção foi o empate com a Venezuela nesta Copa América. Neste período, seis partidas tiveram gols em jogadas de escanteio ? Thiago participou diretamente das últimas duas ocasiões. Não necessariamente é o zagueiro quem toca para o fundo das redes, mas o fato de ele chegar na bola já gera um problema para a defesa adversária. Diante dos peruanos, quem aproveitou o desvio foi Casemiro, abrindo o placar.
A dinâmica é simples, mas muito eficaz. No escanteio pelo lado esquerdo, por exemplo, Coutinho prepara a bola. Enquanto isso, na área, enfileiram-se Firmino, Casemiro, Marquinhos e Thiago Silva. Enquanto o meia corre para a batida, Thiago arranca, deixa a marcação para trás e assume o primeiro lugar da fila. Com velocidade e impulsão, ele faz o cabeceio que desestrutura a defesa adversária e gera a situação de gol.
? Estamos trabalhando ofensivamente e defensivamente. Ficamos muito felizes porque tudo isso é preparado antes. Quando você vê a resposta, dá uma satisfação enorme. Mas vamos falar baixo e tentar continuar fazendo a mesma coisa nos outros jogos ? disse o zagueiro da seleção.
Atenção nos treinos
Tite gosta de trabalhar essa jogada. Na Copa-2018, Thiago Silva fez o segundo gol da vitória sobre a Sérvia e por muito pouco não abriu o placar diante da Bélgica, no jogo da eliminação. O técnico preza pela precisão na cobrança, apostando no sucesso da movimentação de quem está na área. Nos treinos, o auxiliar Matheus Bachi costuma participar das atividades de bola parada, até servindo como obstáculo para marcadores e atacantes.
Antes dos jogos contra Peru e Honduras, foi em jogadas de escanteio que Marquinhos fechou a goleada por 5 a 0 contra El Salvador, Alex Sandro marcou no 2 a 0 diante da Arábia Saudita, Miranda fez o Brasil levar a melhor contra a Argentina e Richarlison resolveu o amistoso contra Camarões.
? Tite frisa bem os detalhes na batida do escanteio. Temos que estar concentrados porque gera gols, tanto a favor quanto contra. É o que venho tentando fazer nos treinos. No último jogo saíram umas boas batidas ali. Estou sempre procurando melhorar. E realmente gera gol ? disse Coutinho, homem da bola parada na seleção desde o corte de Neymar.
No Paris Saint-Germain, as contribuições de Thiago Silva pelo alto não são raras. A maioria dos gols do zagueiro segue o ritual. Da temporada 2014-2015 para cá, Thiago fez dez gols pelo clube francês: nove foram de cabeça, e oito deles nasceram de escanteios. Alguns muito parecidos com a batida de Coutinho no primeiro poste. Ver que a explosão e impulsão de Thiago Silva ainda dão resultado tranquiliza a seleção, sobretudo por causa da recente cirurgia no joelho direito.
? Fisicamente, eu tenho 27 anos ? disse o zagueiro, de 34.
O próximo adversário do Brasil será o Paraguai. O encontro acontece pela terceira vez em quatro edições da Copa América. Nas duas anteriores, os paraguaios se classificaram nos pênaltis. E Thiago teve contribuição negativa em ambas. Por isso o jogo desta quinta-feira, em Porto Alegre, tem um aspecto de revanche. Em 2011, o goleiro pegou a cobrança do zagueiro.Em 2015, o Brasil de Dunga vencia por 1 a 0 até que Thiago fez pênalti bobo: subiu com o braço erguido dentro da área. O Paraguai empatou e depois levou a melhor nas cobranças.
Fonte: O Globo