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Casais de jogadoras levam amor e orgulho à Copa do Mundo



LILLE, França ? A zagueira Ali Krieger e a goleira Ashlyn Harris ficaram no banco na vitória sobre a Suécia nesta quinta-feira (2 a 0). Nenhuma novidade. As duas se conheceram numa convocação da seleção americana e estão juntas desde então. Poucos meses antes do Mundial da França anunciaram ao público em geral que o segundo título juntas na Copa do Mundo ? ambas estavam no tri dos EUA em 2015 ? não é o único sonho que vão tentar realizar neste ano: estão noivas e, em dezembro, elas vão oficializar seu casamento.

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Um casal dentro de uma seleção é uma situação única, reconheceu Ashlyn, em entrevista recente, ao mesmo tempo em que demonstrou um imenso orgulho de poderem representar o país juntas, fazendo o que amam ao lado de quem amam. Mais à vontade agora, elas afirmam que a relação não atrapalha em nada o trabalho no campo. Pelo contrário, não vivem a habitual saudade que os atletas enfrentam por estarem tantos dias longe de casa.

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? É incrível. Estamos nisso há tanto tempo, que, finalmente, podemos falar sobre isso como se fosse uma coisa normal. É realmente reconfortante. É uma espécie de peso tirado de nossos ombros ? admitiu a defensora Ali Krieger, de 34, em março passado.

Krieger e Harris vivem quase tudo juntas. São companheiras de Marta no Orlando Pride ? clube em que a atacante brasileira conheceu sua nova namorada, já fizeram alguns editoriais de moda juntas e se engajam na luta por inclusão e tolerância, assim como outro casal da Copa. As atacantes Jodie Taylor, da Inglaterra, e Emma Kete, da Nova Zelândia, puderam desfrutar juntas pelo menos parte do Mundial, cada qual por seu país. Convocada, a atacante das kiwis não segurou a euforia: “Mesmo sonho, time diferente. Posso jogar a Copa do Mundo com a minha mulher?.

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Agora, só Taylor continua na disputa. Emma perdeu a oportunidade de enfrentar a companheira nas oitavas, quando a Nova Zelândia caiu ante Camarões por 2 a 1 e deu adeus à Copa.

Ativismo frequente

A presença dos dois casais, que expõem tranquilamente a relação nas redes sociais, revela um traço mais tolerante do futebol feminino, com maior aceitação da orientação sexual da jogadoras seja pela torcida, pelas colegas ou pelos clubes. Principalmente em países como os Estados Unidos e alguns da Europa, onde há ações mais concretas contra a homofobia.

As americanas do Orlando Pride levantam a bandeira e vestem as cores do arco-íris. Junho é o mês do Orgulho LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersxuais, comemorado no dia 28), e as jogadoras estão na campanha do clube “Pride in our city? (Orgulho na nossa cidade), em apoio às vítimas do atentado terrorista à boate Pulse, na Flórida, em 2016.

Levantamento do site LGBTI Outsports aponta que mais de 30 jogadoras da Copa são assumidamente gays ou bissexuais; há quatro anos, elas eram 18, incluindo representantes da comissão técnica, como a técnica dos EUA, a inglesa Jill Ellis. O estudo lembra que elas podem ser mais, já que países como a Nigéria punem homossexuais. Na Copa masculina da Rússia, não havia um gay declarado.

Não quer dizer que ataques homofóbicos tenham cessado. A australiana Sam Kerr, que namora a americana Nikki Stanton (não convocada), recebeu hostilidades em seu Twitter após a vitória sobre o Brasil por 3 a 2. Não deu bola: deixou os detratores de lado e fez 4 gols.

Fonte: O Globo


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