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Fatores diversos fazem da Copa do Mundo da França um marco na história das mulheres no futebol



Nesta sexta-feira,  quando for dado o pontapé inicial entre França e Coreia do Sul, no estádio Parc des Princes, em Paris, a história estará sendo mudada. Mulheres jogando futebol não é uma novidade, claro. Nem é a primeira vez que seleções femininas se enfrentam para decidir quem é melhor do mundo. A primeira Copa, sem chancela da Fifa, data dos anos 1970. Com aval da entidade, essa é a oitava edição. Mas, sem dúvida, ela já é considerada por todos os envolvidos a maior de todas. 
Os motivos são variados. A luta feminina vive seu quarto grande movimento histórico e o futebol foi encampado por ele. Nesse cenário, a  voz que elas ganharam repercutiu no mundo.  E todos querem vê-las. Os 24 países participantes transmitiram os jogos de suas seleções na TV. Mais de 100 países de todos os continentes, que não participarão do Mundial, também compraram os direitos de transmissão. 

A audiência in loco também gera a expectativa de ao menos se igualar ao público da edição canadense, em 2015, a primeira a ter 24 países. Foram mais de 1,3 milhão. Na última divulgação da Fifa, há quase dois meses, mais de 750 mil ingressos já haviam sido vendidos, com alguns jogos esgotados como a final em Lyon para quase 60 mil espectadores.
Sem contar que interesse pelos jogos é crescente, sobretudo na Europa. Nos Estados Unidos, o esporte está consolidado há anos. Este ano, por exemplo, foi batido o recorde de público entre clubes  na partida entre Atlético de Madrid e Barcelona, no Wanda Metropolitano, em Madri, com 60.739 pessoas. O recorde mundial anterior era de 1920 na Inglaterra. 53.000 pessoas compareceram ao Goodison Park para assistir ao duelo entre o Dick, Kerr?s Ladies e o Helen?s Ladies.

Visibilidade gera interesse comercial. Todas a patrocinadoras da Fifa estão envolvidas na organização da Copa do Mundo. A Adidas, por exemplo, pagará às jogadoras patrocinadas por ela o mesmo bônus dado ao campeões franceses em 2018. A premiação da entidade também dobrou de valor de US$ 2 milhões (cerca de R$8 milhões) para US$ 4 milhões (cerca de R4 16 milhões) – ainda bem distantes dos US$ 38 milhões (cerca de R$ 160 milhões) pagos aos homens na Rússia. 
O  crescimento da modalidade também atraiu mais países a se candidatarem à sede da Copa de 2023. São nove, entre eles o Brasil. Os outros são Argentina, Austrália, Bolívia, Colômbia, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e África do Sul. Em outubro, as confederações têm de confirmar o interesse. Para a Copa da França, foram cinco interessadas inicialmente. 
– Acho que será a Copa do Mundo que quebrará todos os recordes, por causa dos times que estão bem equilibrados e será uma disputa bem apertada. A grande atenção na França e em todo o mundo dado. A visibilidade está aí, os patrocinadores estão aí. São muitos elementos que vieram juntos no momento certo, e por isso, pelas minhas contas, será um Mundial histórico – disse a chefe de futebol feminino da Uefa, a ex-jogadora alemã Nadine Kesller, ao GLOBO.

A chefe da comissão de futebol feminino da Fifa, a neozelandesa Sarai Bareman, concorda que é um movimento sem volta. Espera que, como já é tratado na federação sueca,o futebol seja um só, sem divisões entre masculino e feminino nos investimentos e na organização. 

-Assim que a primeira partida começar amanhã estaremos entrando numa nova jornada.  O caminho das mulheres no futebol está crescendo, crescendo e eu sinto realmente que quando olharmos para trás vamos ver esse Copa do Mundo como o ponto de mudança – afirmou. 

E para que não seja apenas uma onda passageira, a Fifa criou diretrizes a serem implementadas até 2026. A primeira Convenção de Futebol Feminino da organização tratou de diversos tópicos relacionados ao esporte. Desde o aprimoramento da prática dentro de campo, tática e fisicamente, ao empoderamento feminino por meio do futebol. Entre as metas da entidade está alcançar o número de 60 milhões de jogadoras no mundo nos próximos sete anos; dobrar o número dos associados que organizam ligas de base no mesmo período; até 2022, ter políticas de desenvolvimento do futebol feminino entre os 100% dos membros associados.

Fonte: O Globo


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