Alguma coisa estranha estava acontecendo com Fabinho. Aos 25 anos, cheio de vontade de mostrar serviço, o jogador começou a sentir um cansaço acima do normal depois que se mudou para Liverpool. Com o tempo, o problema foi diagnosticado: seu corpo era vítima da intensidade frenética do jogo praticado por Jurgen Klopp. Foi preciso primeiro se adaptar ao “estilo rock and roll” do treinador antes de ganhar espaço no time titular. Às vésperas de enfrentar o Tottenham na final da Liga dos Campeões, sábado, admite que ainda precisa aprimorar o inglês para entender melhor as piadas que o alemão conta no vestiário. Se cantarem “We Are The Champions”, da banda inglesa Queen, no Wanda Metropolitano, estádio da decisão, será o sinal de que deu tudo certo.
(O vídeo acima é um conteúdo produzido por Dugout)
Como foi o começo de temporada na reserva?
Pelo que eu tinha feito na pré-temporada, esperava receber a chance um pouco antes. Mas sabia que era um risco começar na reserva, ao trocar de clube. Eu tive de trabalhar nos treinos, aprender com os companheiros, ver a maneira da equipe jogar.
E foi difícil?
Não foi fácil no começo. O campeonato tem uma intensidade muito grande, com muitos duelos, muita força física. O preparador físico do Liverpool me colocou para trabalhar o fortalecimento do corpo, do abdome, para melhorar meu equilíbrio. Era uma preocupação para evitar lesões. Eu estava levando mais tempo para me recuperar depois das partidas.
O estilo de jogo do Liverpool também pesou para isso?
Acredito que sim. Teve jogos, como a semifinal contra do Barcelona, em que pressionamos durante quase os 90 minutos. Não mudamos a maneira de jogar, mesmo no Camp Nou, e ainda bem que não levamos o quarto gol. Esse modo de jogo foi um dos fatores que fizeram com que minha recuperação fosse mais lenta. Não estava acostumado à intensidade estilo rock and roll que nossa equipe tem.
O auge desse estilo foi a semifinal contra o Barcelona?
Depois do primeiro jogo, naquele momento nossas chances de título na temporada eram quase nenhuma. Estávamos atrás do City na Premier League e precisávamos reverter uma vantagem grande do Barcelona na Champions. Começamos a pensar, ter uma temporada dessas e não chegar nem à final da Champions e nem ser campeão da Liga… Mas fomos ganhando confiança com o tempo, o treinador nos passou muita confiança. Recebemos a notícia de que não teríamos o Firmino, o Salah, e o pensamento foi o mesmo, sabíamos que dava para buscar o resultado. Corremos como loucos, com uma intensidade muito grande, e o nosso estádio… Olha, nosso torcedor é excelente em todos os jogos, mas nessa partida eles não pararam de apoiar. Fomos crescendo e depois que fizemos o segundo gol, o Barcelona perdeu a confiança. Fomos embora. Sabíamos que conseguiríamos o resultado, que era o nosso dia.
Qual é o maior perigo que o Tottenham oferece?
Eles formam uma equipe que está junta há muito tempo. Não contratam tantos jogadores, mas também não perdem. O treinador está há bastante tempo lá. Eu notei que eles não mudam a maneira de jogar, não importa o resultado. Esse é um ponto forte deles.
O que achou do hat-trick do Lucas contra o Ajax?
Fiquei feliz por ele. Jogamos contra muitas vezes na França. Ele teve a chance de ir para o Monaco, mas foi para o Tottenham. Fiquei satisfeito por vê-lo dar a volta por cima na Inglaterra e mostrar seu futebol, mas espero que pare por aí (risos). Que ele não esteja iluminado daquele jeito na final. Precisamos parar o Luquinhas e todo o time do Tottenham.
Como você recebeu a não convocação para a Copa América?
Por estar presente nas convocações anteriores e pela temporada que venho fazendo, esperava estar na lista para a Copa América. O treinador disse que tinha três opções e escolheu duas. Não tenho o que falar. É continuar trabalhando.
Tite ou alguém da comissão técnica chegou a conversar com você a respeito?
O último contato foi depois do jogo contra o Barcelona, quando deram os parabéns pela classificação. Depois não teve mais nada.
E o Klopp? É um treinador tão especial quanto parece?
É sim. Ele cobra muito, todos da mesma maneira. Sabemos claramente o que queremos como equipe. Ao mesmo tempo, ele já foi jogador, entende o nosso lado. A relação extracampo é muito boa, ele fala muito bem com todos. Comigo não tem tanta conversa porque meu inglês não está bom ainda (risos).
Mas dá para entender as piadas, a resenha no vestiário?
Mais ou menos (risos).
Fonte: O Globo