Depois das nove derrotas seguidas, como está a seleção brasileira a pouco mais de duas semanas da estreia na Copa do Mundo feminina na França? Só a comissão técnica pode responder. Até o pontapé inicial diante da Jamaica, no dia 9 de junho, em Lyon, não será possível ver o time em campo. A equipe não fará sequer um amistoso contra outras seleções. Nem mesmo um jogo-treino está na agenda do Brasil em Portimão, em Portugal. A possibilidade ainda será avaliada pelo técnico Vadão.
Serão exatamente dois meses sem entrar em campo nos moldes de um jogo oficial, com 45 minutos cada tempo, e substituições limitadas. A última partida de Marta & Cia foi no dia 8 de abril contra a Escócia. Perdeu por 1 a 0, chegou a pior série histórica da seleção e a manutenção do técnico Vadão no cargo passou a ser questionada. A última vitória do Brasil foi em julho passado sobre o Japão, no Torneio das Nações.
Escolha técnica que vai na contramão do mundo. Todas as seleções presentes no Mundial, exceto a brasileira, fizeram ou farão ao menos um amistoso entre si ou com outras equipes que não estão na Copa desde a última data Fifa, no início de abril.
Atuais campeões do mundo, os Estados Unidos, por exemplo, já fizeram dois amistosos neste mês. Goleou África do Sul e Nova Zelândia, que estão nos grupos B e E, respectivamente. No domingo, enfrentará o México antes de viajar para a França.
Também é possível conferir o futebol dos adversários diretos do Brasil pelas vagas do Grupo C nas oitavas de final. Jamaica, Austrália e Itália irão a campo nos próximos dias.
Ao comentar a decisão da comissão técnica, o coordenador de seleções femininas da CBF Marco Aurélio Cunha disse que a união é o mais importante no momento.
– Não teremos amistosos contra outra seleção. Não é hora. É hora de treino, de ficarmos juntos, de organizarmos o time internamente. Jogo-treino também não está previsto – justificou Cunha, na apresentação da programação da equipe na Europa no início do mês.
Sem amistosos, Vadão terá de confiar no bate-papo e nos coletivos para avaliar as condições físicas de jogadoras em recuperação de lesões, como Erika e Bia Zanneratto. A atacante Cristiane, um dos principais nomes da equipe ao lado de Marta, ainda não atuou pela seleção este ano. Ela foi desconvocada por causa de questões físicas do Torneio She Believes e dos últimos amistosos.
Nos primeiros trabalhos em Portugal, Vadão ainda não pôde ter todas as jogadoras à disposição. Andressa Alves chegou apenas ontem após ganhar mais uns dias de folga em função da final da Liga dos Campeões no último fim de semana.
Com o grupo completo, o treinador terá uma missão difícil: organizar taticamente o time em duas semanas. O maior problema da seleção tem sido a falta de repertório em campo. Os últimos amistosos confirmaram a dependência da equipe no talento de Marta. E mostraram como seleções até mesmo inferiores ao Brasil são capazes de anular as principais jogadas das comandadas de Vadão.
A prova da capacidade do treinador só poderá ser vista no próximo dia 9 contra as jamaicanas.
Fonte: O Globo