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Análise: João Pedro, o jovem que renova esperanças



Impossível não ter sentimentos conflitantes diante do que o Maracanã viu nesta quinta-feira, na goleada de 4 a 1 do Fluminense sobre o Atlético Nacional. João Pedro é destes acontecimentos que se tornaram raros num Brasil que ainda produz muitos talentos, mas exporta freneticamente. Recria no torcedor a sensação de estar diante de um jogador especial, um motivo para ir ao estádio. O futebol é traiçoeiro demais para que se dê veredictos sobre um jovem de 17 anos. Mas, no mínimo, João Pedro renova esperanças.

Por outro lado, o atacante do Fluminense nos remete à angustiante e já familiar experiência de desfrutar de uma revelação em meio a uma contagem regressiva. No máximo em julho de 2020 estará vestindo a camisa do Watford, da Inglaterra. Foi personagem de uma dessas vendas movidas pela urgência de clubes com gestões ineficazes.

Nesta quinta, ele fez de tudo um pouco. Moveu-se alguns passos atrás para trocar passes, deu opção em profundidade, ajustou a passada e tocou por cobertura no segundo gol; teve inteligência para se mover e marcar de cabeça o primeiro gol; foi ágil ao cabecear e pegar ele mesmo o rebote da trave no quarto gol do Fluminense. Sem contar o cruzamento para o gol de Luciano. 

Houve um jogo, ótimo por sinal, além de João Pedro. De dois times melhores com a bola do que sem ela. O Fluminense, além do manejo de bola que já ostentava, cresceu ao acelerar e definir rápido as jogadas quando há espaço. E a linha de defesa adiantada dos colombianos oferecia fartos espaços.

O tricolor sofria com a recomposição ruim de Luciano na direita, onde surgiu o pênalti que Barcos converteu e outras duas chances do Atlético Nacional. Até Diniz inverter Luciano e Yony (que perdeu um pênalti no primeiro tempo).

Allan foi outro grande nome. No segundo tempo, brilhou na saída de bola de um Fluminense que apostou em atrair o rival. Com sua audácia para sair tocando de trás, mesmo sob pressão, envolvia e abria campo para acelerar. O pecado foi não fazer mais gols. João Pedro, diga-se, criou duas ótimas chances, a melhor delas perdida por Gilberto.

Numa destas saídas ousadas e bem-sucedidas, a arquibancada celebrou com gritos de Diniz, arquiteto deste Fluminense que ainda tem vários pontos a evoluir, mas cujo estilo e ousadia ganharam a torcida. Há formas de jogar que geram orgulho e quase 30 mil pessoas viram a goleada. Para ir à terceira fase da Sul-Americana, o Fluminense pode até perder por dois gols dia 29, em Medellín.

Fonte: O Globo


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