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Ensaiada: Palmeiras de Felipão mostrou a Sampaoli como se domina um jogo



Jorge Sampaoli é o preferido dos brasileiros do Movimento dos Sem Técnico, uma corrente que só vê interinos nas casamatas do país. Num Santos cuja escalação impressiona pouquíssimo, o argentino se tornou sinônimo e promessa de futebol comprometido com a beleza coletiva das jogadas e o número abundante de gols. Tudo isso se confirmou no sábado, só que ao contrário, quando os líderes Palmeiras e Santos se enfrentaram.

Coube a Luiz Felipe Scolari ? que tão poucos queriam antes de julho de 2018, quando voltou ao Palmeiras ? ensinar ao argentino como se domina um jogo tendo apenas 39% de posse de bola e sete finalizações ? um alerta para o Botafogo, rival do próximo sábado. O time de Barroca manteve 67% de posse de bola na derrota para o Goiás.

O Pacaembu foi palco da mãe de todas as atuações felipinas, a partida que finalmente encantou os palmeirenses ? até então conformados com a ideia de ganhar monótona e exaustivamente, sem qualquer rigor estético envolvido.

O placar de 4 a 0 foi conquistado à base de jogo coletivo. Menos fixo na área, o atacante Deyverson interagiu com as constantes aproximações dos meias Zé Rafael, Dudu e Raphael Veiga, enquanto Marcos Rocha criava superioridade pela direita ? tudo isso num dia em que Ricardo Goulart e Gustavo Scarpa estavam fora de ação. Primeiro, a paciência para pressionar e desarmar o adversário; depois, o bote letal.

? O Palmeiras ainda não está pronto ?disse o passo-fundense de 70 anos, num aviso claro: o detentor do título deve ser bem mais respeitado, porque seu repertório está em expansão.

Talvez tudo isto denuncie a pressa de crítica e público. Felipão chegou na 17ª rodada de 2018 e, sem qualquer pudor, não perdeu para ninguém na Série A, lembrando, de certa forma, o bombeiro que assumiu a combalida seleção brasileira em 2001 e a guiou ao penta de 2002. Injetou voracidade num Palmeiras milionário e deu de ombros a qualquer obrigação de “propor? o jogo. Está invicto no Brasileirão desde que chegou.

A partir daí, a crítica ficou fácil: será que o clube empilhador de craques e sniper do mercado não tem obrigação de mostrar mais futebol do que o combo fortaleza defensiva, ligação direta para Deyverson e bola parada?

Poucos se lembrarão de que Felipão não está nem há um ano no Palmeiras. Acostumamo-nos tão rápido à ideia de que um técnico possa mudar um time rapidamente que se exige tudo ? estética e resultado ? no espaço de 10 meses, com jogos domingo, quarta e domingo. E se o produto mais bem acabado estiver por vir?

Números cruéis

Após cinco rodadas, a campanha do Palmeiras de Scolari já é idêntica à do Corinthians-foguete de 2017: quatro vitórias e um empate.

O saldo de gols, porém, é melhor: se aquele time de Fábio Carille marcara 10 gols e sofrera 3 nos primeiros cinco jogos, o Palmeiras-2019 fez 12 e sofreu apenas um ? quando Scolari mandou seus reservas para Maceió no 1 a 1 com o CSA.

E ninguém pode dizer que a tabela favoreceu o líder. Nessas cinco rodadas, o Palmeiras derrotou Inter (5º lugar e campeão gaúcho), Atlético-MG (então líder, em BH) e agora o Santos, com quem empatava em pontos no início da rodada.

Tudo isso significa que o Palmeiras será o campeão? Provavelmente, sim. Os rivais focados em outros torneios terão de acordar se quiserem um futuro menos verde em 8 de dezembro.

Fonte: O Globo


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