Cerca de dez anos atrás o sueco Markus ‘Notch’ Persson buscou inspiração em diversos games e nos bloquinhos de montar LEGO para criar Minecraft.
Uma década depois, o jogo indie construiu uma marca de impacto único nos universos dos games e da cultura pop, pontuado por uma variedade de projetos dentro e fora do mundo digital que vão ampliando o legado da série – que, veja só, é tão grande que até já inspirou conjuntos de bloquinhos LEGO.
Minecraft usou seus blocos virtuais para dar forma a uma brincadeira que transcende os conceitos de físico e virtual e faz da comunidade e diversidade suas grandes qualidades.
Um legítimo brinquedo do século XXI.
Variedade é a chave
Os números de Minecraft são impressionantes e atestam o sucesso da grife: são mais de 91 milhões de usuários registrados e mais de 176 milhões de cópias vendidas entre as 20 versões diferentes do game, disponível em computadores, consoles de Microsoft, Sony e Nintendo, smartphones e até visores de realidade virtual.
E isso tudo ainda deixa de fora uma versão do game da produtora sueca Mojang desenvolvida especificamente para a China, onde cerca de 200 milhões de usuários jogam uma edição gratuita do game, distribuída em parceria com a NetEase para PC e mobile.
O segredo? “Minecraft é um jogo que conecta as pessoas”, explica Lydia Winters, diretora de marca da Mojang.
“E isso já o torna diferente, porque geralmente os games passam a impressão de ser uma atividade que isola.
Há pessoas que conheceram suas esposas e maridos jogando. Ficamos felizes também que há famílias que jogam juntas, histórias de avós e netos que moram longe, mas jogam juntos. Amigos que moram em diferentes partes do mundo mantém contato por meio do game”.
A variedade de perfis de jogadores encontra reflexo nas possibilidades dentro do game. Minecraft conta atualmente com mais de 150 tipos diferentes de blocos que permitem construir uma infinidade de estruturas e até fazer procedimentos básicos de programação.
“É um jogo que permite a você se expressar e também ficar empolgado com o que outros estão fazendo. Minecraft é pessoal, mas também conecta as pessoas”, completa Lydia.
Desses primeiros dez anos de vida de Minecraft, metade do tempo foi sob comando da Microsoft, que adquiriu o estúdio em 2014 pelo valor de 2.5 bilhões de dólares. Nesse período, a base de jogadores de Minecraft subiu de 31 milhões para os atuais 91 milhões e projetos sociais, como o Block by Block, criado em 2012, ganharam mais força e abrangência.
Porém, a Mojang sabe que precisa ir além do Minecraft padrão para conquistar novos fãs e crescer ainda mais e este é o foco desta próxima decada na empresa: criar spin offs.
Fusão entre real e virtual
O carro-chefe dessa iniciativa é Minecraft Earth, game gratuito para smartphones que utiliza a tecnologia de realidade aumentada como parte fundamental da experiência.
As comparações com Pokémon GO são inevitáveis (e, de fato, há algumas semelhanças), mas Minecraft Earth vai além, apresenta ideias originais e aprimora a tecnologia.
Não se trata de uma versão simplificada de Minecraft, mas sim da experiência completa do jogo repensada para telas de toque e outras funções mobile.
A jogabilidade básica lembra Pokémon: ao caminhar pelo mundo real seu avatar no jogo percorre um mapa no qual situações diversas podem aparecer. Recursos podem ser coletados ao fazer vários toques com o dedo, seções de combate e exploração geram cenários virtuais sobrepostos ao mundo real nos quais é possível quebrar bloquinhos para achar tesouros e enfrentar inimigos.
Porém, Earth brilha mesmo ao dar destaque para o lado criativo de Minecraft. Criações podem ser compartilhadas pelo mapa. Uma tecnologia de âncora espacial em desenvolvimento pela Microsoft define certas zonas do mapa (mais ou menos como os PokéStops e ginásios de Pokémon GO) nos quais é possível deixar sua criação para outros apreciarem.
Os dioramas podem então ser visualizados por uma ou mais pessoas simultaneamente e é possível interagir com eles também. Melhor ainda: em escala real! O elemento de realidade aumentada de Minecraft Earth permite visualizar os cenários construídos em escala 1:1 em relação ao mundo real, oferecendo uma experiência revigorante e bem diferente de Minecraft, misturando real e virtual de forma envolvente.
No meio do ano jogo entra em testes closed beta e ao longo dos próximos meses vai chegar a mais países. Minecraft Earth ainda não tem uma data de lançamento definida e vai ganhar versões para Android e iOS. O título será gratuito para jogar e vai oferecer apenas itens cosméticos para comprar com dinheiro de verdade.
Ainda falando de outros jogos envolvendo a marca, mais uma aposta da Mojang é o já anunciado Minecraft Dungeons, um RPG de ação com multiplayer cooperativo e ares de Diablo – mas, claro, no universo de Minecraft.
O game é mais um experimento do estúdio em outros gêneros, na linha do que já foi feito em parceria com a Telltale em Story Mode, que apresentou um adventure dentro do mundo dos bloquinhos pixelados.
Os desenvolvedores descrevem Dungeons como um ‘projeto de paixão’, feito por uma equipe pequena, mas dedicada e otimista em relação ao produto. Tanto que ele nem saiu e já está rendendo frutos: vai virar também um jogo de tabuleiro.
Blocos de montar em Hollywood
Não é só nos games que a Mojang prepara projetos para levar a palavra de Minecraft a mais pessoas. No dia 4 de março de 2022 está previsto para chegar aos cinemas um filme live-action da série, uma das iniciativas mais bem planejadas da empresa.
Bem planejada mesmo.
De acordo com Vu Bui, diretor de conteúdo da Mojang e um dos produtores do longa-metragem, as primeiras conversas sobre o filme aconteceram em 2012, quando alguns estúdios manifestaram interesse de adaptar Minecraft para as telonas.
A demora para tornar o projeto oficial e seguir adiante é justificada por Bui como uma profunda preocupação em fazer o trabalho direito – e, convenhamos, filmes baseados em games sofrem com o estigma de serem conversões de baixa qualidade.
O filme será dirigido por Peter Sollett, conhecido principalmente pela comédia romântica Nick & Norah – Uma Noite de Amor e Música, de 2008. Fora isso, não há detalhes sobre o elenco, mas já foi divulgado que a protagonista será uma jovem adolescente que, ao lado de um grupo de amigos, deve salvar o mundo de Minecraft do ataque do Ender Dragon.
Como referências e inspirações, Bui cita filmes de aventura dos anos 70 e 80, como Star Wars: Uma Nova Esperança e Os Goonies.
- Lançamento
18.11.2011
- Publicadora
Microsoft Studios
- Desenvolvedora
Mojang
- Gênero
Aventura
Fonte: The Enemy