esporte »

Rio aparece com muita força para nossa estratégia, diz diretora comercial da F1



A inglesa Chloe Targett-Adams é considerada a embaixadora da Fórmula 1. Diretora de Relações Comerciais e Promoção da FOM (Formula One Management, que organiza o Mundial), esta elegante inglesa tem a responsabilidade de negociar com os organizadores dos hoje 21 Grandes Prêmios de um campeonato em expansão. Além do GP da Holanda, anunciado para 2020, é possível que a África ganhe uma prova.

Na noite de quinta-feira, a executiva recebeu um jantar de boas-vindas do prefeito Marcelo Crivella (PRB) e do governador Wilson Witzel (PSC) no Copacabana Palace.

Sorridente, Chloe Targett-Adams recebeu o GLOBO num salão de um hotel em Ipanema, ao meio-dia. Ao lado dela estava JR Pereira, presidente do Rio Motorsports, consórcio que se candidatou a erguer o autódromo de Deodoro, Zona Oeste do Rio. O resultado da licitação da prefeitura para construção e administração do circuito será conhecido na próxima segunda-feira.

LEIA TAMBÉM: Sem pagar taxa desde 2017, Interlagos parece na contramão da Liberty Media

Embora a Liberty tenha chegado à FOM apenas em 2017, a diretora conhece o circo desde 2009, quando se tornou consultora jurídica do compatriota Bernie Ecclestone, então proprietário da FOM. Com essas credenciais, ela conversou com o GLOBO sobre os rumos do GP Brasil a partir de 2021, evitando apenas perguntas sobre detalhes confidenciais do contrato com a Interpub, que promove o GP em Interlagos.

Como a F1 encara um possível GP no Rio, intenção anunciada pelo presidente Bolsonaro, pelo governador Wilson Witzel e pelo prefeito Crivella na semana passada?

Para a F1, o Brasil é um mercado muito importante, onde se corre desde 1973. Você sabe, temos aqui 56 milhões de fãs, e nós queremos assegurar que o GP se mantenha no Brasil pelo mais longo período. O Rio é um destino sugestivo, famoso no cenário mundial e, no nosso foco estratégico, estamos procurando como destinos as cidades que tenham apelo para o maior leque possível de fãs. Com certeza, achamos que o Rio aparece com muita força nesse mercado.

Como vê hoje o GP de SP, que também quer manter a prova?

Temos uma longa história com São Paulo, que também é uma cidade incrível no cenário mundial, tem renome global e tem sido bem sucedida por muitos anos. Mas estamos olhando tudo por um ângulo maior, no sentido de achar lugares onde possamos projetar nossa visão e buscando todas as oportunidades para ficar no Brasil no longo prazo.

O que este projeto de Deodoro traz para a F1?

O projeto do Rio é muito empolgante. Há uma oportunidade de um novo circuito no Brasil, e não é muito comum na F1 a gente vislumbrar a possibilidade de um circuito em estado de arte, tanto do ponto de vista do desenho da pista quanto da estrutura para público e equipes, para trabalharmos juntos.

Você está na F1 desde 2009 e já viu outras intenções cariocas antes. O que seria diferente neste projeto, em relação aos anteriores?

Para mim, a diferença deste para os outros projetos que tenha conhecido é que há um compromisso do Rio, dos parceiros, dos governos e a localização do circuito. Para levar um evento deste porte a qualquer lugar, todo apoio é necessário.

O Rio sempre volta à discussão da F1 quando o contrato com a Interpub em SP está perto de expirar. Há quem interprete isso como um jeito de a F1 negociar melhores condições com Interlagos.

Temos um contrato com São Paulo para correr até 2020 e é natural, no momento de uma renovação, que a gente avalie todas as opções dentro e fora do Brasil. Temos 21 corridas no nosso calendário, desejamos ampliá-lo e, por sorte, há sempre muitas cidades querendo se juntar a nós. Nesta semana, lançamos o GP da Holanda (para 2020), e no ano passado, o do Vietnã. Isso naturalmente significa que nós temos que deixar algumas cidades e conversar com outras, considerando sempre as posições dos nossos apoiadores locais, dos patrocinadores e da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). No fim, trata-se de avaliar todas essas opções para tomar a melhor decisão para o esporte.

A F1 renovaria com Interlagos através da Interpub?

Temos um longo relacionamento com a Interpub, que tem sido um fantástico promotor da corrida, e certamente teremos que considerar isso.

Sobre a expansão da F1, qual é o melhor cenário? Chegar a 30 corridas?

Para mim, o que realmente cria o interesse pelo campeonato é ter um número de provas que entregue grandes corridas e grandes destinos. Vinte e uma provas já é um calendário muito pesado. Tudo se resume no fim à experiência dos fãs.

 

Fonte: O Globo


Comente