Procedimentos estéticos para aumentar o tamanho do pênis masculino não funcionam e podem aumentar riscos de saúde sexual, indica revisão de estudos publicada na revista Sexual Medicine Reporting. Segundo os pesquisadores, a maioria das cirurgias feitas com essa finalidade são ineficazes e podem levar a complicações graves, como dormência peniana permanente, disfunção erétil, deformidade peniana e encurtamento do pênis. Além disso, a revisão apontou que 80% dos homens que fazem o procedimento (cirúrgico ou não cirúrgico) ficam insatisfeitos com o resultado – alguns ainda apresentam órgão desfigurado ou menor do que era antes da intervenção. Por causa disso, os especialistas afirmam que o procedimento não deve ser realizado para fins estéticos.
“A grande maioria dos homens que deseja o pênis mais comprido tem um órgão de comprimento normal, mas acha que o pênis é pequeno”, disse Gordon Muir, co-autor do estudo, ao The Guardian. A equipe da King’s College London, na Inglaterra, ainda explicou que essa sentimento de insatisfação com o tamanho do pênis pode estar relacionado a transtornos psicológicos, como transtorno dismórfico corporal (doença que leva o indivíduo a focar em um suposto defeito na aparência) e dismorfia peniana (quando o homem tem o pênis de tamanho normal, mas acredita que o tamanho é inadequado).
Diante disso, os pesquisadores sugerem que antes de fazer qualquer procedimento para alterar o tamanho do pênis, os homens façam aconselhamento psicológico. “Nossa opinião é que apenas os homens que foram informados acerca dos riscos de problemas posteriores e passaram por uma avaliação psicológica completa devem considerar a intervenção”, explicaram no relatório.
Os cientistas ainda criticaram os hospitais e clínicas particulares que, além de não avaliar a real necessidade da intervenção nem informar adequadamente o paciente sobre os riscos, ainda cobram quase dez vezes mais do que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês). Dados do estudo indicam que na rede pública britânica o procedimento custa, em média, de 3.000 a 4.000 euros (entre 13.000 e 18.000 reais) e é disponibilizado apenas em casos de trauma; já no serviço particular, os valores podem chegar a 40.000 euros (178.000 reais) e são realizados independente da necessidade clínica.
Aumento peniano
A nova revisão de estudos foi realizado por uma equipe de urologistas do hospital King’s College e pesquisadores do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College – ambas no Reino Unido. Para a análise foram avaliados 17 estudos envolvendo 1.192 homens que haviam sido submetidos a tratamento cirúrgico ou não cirúrgico para aumentar o tamanho do pênis.
No total, a pesquisa incluiu 21 tipos diferentes de intervenções realizadas na Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) ou no exterior.Entre as modalidades avaliadas estão: preenchedores dérmicos injetáveis (que tornam o pênis mais “encorpado”), bombas a vácuo (que prometem dar maiores proporções ao órgão masculino) e secção do ligamento suspensor (procedimento que altera cirurgicamente as dimensões penianas).
Os resultados da análise mostraram que grande parte dos pacientes não necessitavam dos procedimentos e foram expostos a riscos de saúde desnecessários. “[A revisão] descobriu que os resultados gerais do tratamento foram pobres, com baixas taxas de satisfação e risco significativo de complicações maiores”, esclareceu a equipe. Os cientistas também ressaltaram que há pouquíssima evidência comprovando os benefícios do aumento peniano em homens com proporções normais.
Quando fazer?
De acordo com o estudo, os homens costumam associar o tamanho ‘avantajado’ do pênis como prova de masculinidade, o que inclui melhor desempenho sexual. Além da crença histórica intrínseca, a pornografia reforçou a ideia de que a satisfação sexual está diretamente relacionada ao tamanho da genitália masculina. Apesar disso, 85% das mulheres se dizem satisfeitas com o tamanho do pênis dos parceiros.
Por isso, especialistas apontam que a necessidade clínica do procedimento só é válida em casos específicos, como micropênis, traumas (amputações e defeitos traumáticos) e condições urológicas, como a doença de Peyronie (problema que dificulta a ereção e a torna dolorosa), epispádias e hipospádias (condições em que a uretra masculina está no lugar errado) e retração peniana.
Para a equipe, a conclusão, portanto, é de que, com ou sem cirurgia, qualquer intervenção médica deste tipo para fins estéticos deve ser considerada “última opção” e “antiética”.
Fonte: Veja