O Liverpool olhou para o impossível e deu uma risada de desprezo. Em mais um capítulo épico da história do time inglês na Liga dos Campeões da Europa, os Reds usaram o pulsante ambiente de Anfield para superar a pesada derrota por 3 a 0 para o Barcelona no jogo de ida, devolver com juros o placar no adversário, e conquistar com uma goleada por 4 a 0 a classificação para a final da Champions. Em um jogo que aflora os sentimentos mais intensos em relação ao futebol, o Liverpool pode dizer que estará no Wanda Metropolitano, em Madri, no dia 1º de junho.
Um dos desfalques do Liverpool no confronto decisivo, ao lado do brasileiro Roberto Firmino, Mo Salah assistiu ao jogo das tribunas usando uma camisa para lá de sugestiva. Ela tinha a frase “nunca desista”. Mais do que uma estampa externa, o time de Jürgen Klopp realmente incorporou esse propósito.
Para o Barcelona, por outro lado, fica a frustração de mais uma eliminação traumática, mesmo construindo uma vantagem de respeito no jogo de ida. Na temporada passada, o time catalão vencera a Roma por 4 a 1 no primeiro confronto, mas levou 3 a 0 na volta. Em comum com a queda deste ano é a presença do goleiro brasileiro Alisson em ambos os algozes.
A recuperação do Liverpool nesta semifinal remete ao último título europeu do clube: em 2005, o Milan chegou a abrir 3 a 0 no primeiro tempo, os Reds empataram no segundo tempo e venceram nos pênaltis.
O crédito por uma virada desse porte tem que ser dividido por todo o time, inclusive o treinador. Mas o heroísmo neste caso é compartilhado por duas figuras, em especial: Origi e Wijnaldum, com dois gols cada um.
Origi abriu o placar aos seis minutos de jogo, em uma blitz esperada por parte do time de Klopp, e fez o quarto gol da noite, na jogada que mais chamou a atenção. A sagacidade de Alexander-Arnold foi o ápice da atuação do Liverpool. Ele parecia ter desistido de cobrar o escanteio, mas viu que a defesa do Barça estava toda desatenta. A cobrança rasteira deixou Origi livre para fazer o gol que encerrou a festa na noite.
Em relação a Wijnaldum, a entrada dele se deu ainda quando estava 1 a 0, depois do intervalo. Lançado por Klopp para dar mais presença de área, o holandês precisou de 16 minutos em campo para marcar dois gols e dar vida ao time na eliminatória.
A intensidade do Liverpool foi premiada. Messi teve alguns lampejos, mas foi engolido pelos marcadores. Vaiados, Suárez e Coutinho foram coadjuvantes que não apareceram no palco principal. A falta de efetividade do time em Anfield traz à lembrança a oportunidade absurda perdida por Dembélé no último lance do jogo do Camp Nou.
O Liverpool nunca desistiu, mostrou uma grandeza que há muito não se via e pela segunda temporada seguida está na final da Liga dos Campeões. Que enorme foi o Liverpool. Que enorme é o futebol.
Fonte: O Globo