A Organização Mundial de Saúde divulgou que neste ano de 2019 houve um aumento de 300% nos casos de sarampo registrados no mundo inteiro. Este aumento não aconteceu apenas em regiões menos favorecidas como África, Ásia ou América do Sul. O sarampo preocupa as autoridades de saúde na Europa e Estados Unidos onde, até abril deste ano, já foram notificados 555 casos em 20 estados.
Por que preocupa?
Porque o sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode matar. Não é uma doença simples. Pode complicar e levar pessoas, principalmente crianças, a óbito. Para se ter uma ideia, antes da vacina ser globalmente difundida e administrada, o sarampo era responsável por aproximadamente 2 a 3 milhões de óbitos por ano no mundo todo.
Atualmente, a OMS aponta que mais ou menos 100.000 pessoas ainda morrem, por ano, em decorrência do sarampo. Este número é assustador se pensarmos que há uma vacina altamente eficaz.
O sarampo é causado por um vírus que passa pelo ar. Começa com uma febre alta, lesões esbranquiçadas na mucosa oral, conjuntivite e bolinhas vermelhas na pele, que podem se juntar e formar áreas grandes e confluentes. As complicações é que são muito temidas: o sarampo pode dar uma pneumonia grave (principal causa de morte), cegueira – principalmente nos que tem deficiência de vitamina A- e problemas neurológicos graves como encefalite, que pode deixar sequelas para o resto da vida.
O grande problema é que o sarampo é causado por um vírus para o qual não há nenhum tratamento específico.
Por isso, a vacina é de longe a melhor forma para se proteger. É altamente eficaz: garante 97% de proteção, quando administrada em 2 doses. A vacina do sarampo está no Calendário Nacional de Imunização e é gratuitamente oferecida para crianças aos 12 meses e aos 15 meses. Adolescentes e adultos que não sabem se receberam quando pequenos devem se vacinar.
Por que o sarampo está voltando? Uma das razões apontadas é a grande eficácia da vacina. Como assim? Parece contraditório, mas não é. A vacina extremamente eficaz faz a doença diminuir. Era o que estava acontecendo. O sarampo estava desaparecendo. Tanto assim que o Brasil havia recebido o certificado de erradicação da doença. Porém, como a doença ficou longe do foco das pessoas, muitos pais deixaram de levar seus filhos para receber as duas doses da vacina. Somem-se a isso razões pessoais que fazem com que pessoas se recusem a receber vacinas no mundo de hoje, ainda mais quando não “enxergam” pessoas doentes ou morrendo pela doença para a qual devem se vacinar. Resultado: a cobertura vacinal caiu para 67%, quando o ideal seria mais que 85%.
O vírus não deu trégua. Está ressurgindo com tudo. O Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo em fevereiro deste ano, quando tivemos um surto nos estados do norte do país.
Cabe a pergunta: será que as pessoas só conseguem se proteger daquilo que entendem ser uma ameaça imediata?
Fonte: G1