Numa temporada em que o Liverpool superou seus limites de forma impressionante, Messi mostrou aos ingleses quais são os reais limites do jogo.
Mais esperto e superior, o Barcelona derrotou o Liverpool num 3 a 0 calculado, que seguramente põe os catalães à beira de sua primeira final de Champions League em quatro anos. Foi adequado que esse vitória tenha sido coroada com a cobrança de falta mais angulosa de Messi, resume a perfeição do desempenho do Barça.
O Liverpool de fato não mereceu uma derrota desse tipo, e nem precisaria se envergonhar dela, mas este é o ponto. É disso que se trata chegar nesse nível. Este capítulo deve serve como uma etapa da educação de uma equipe, em vez de algo frustrante, já que Messi deu outra aula de bola. Esta vitória pertence sobretudo a ele.
Seu profundo desejo de ganhar sua quinta Champions (e sexta do Barcelona) culminou no 600º gol na carreira ? o primeiro foi há exatos 14 anos.
(O vídeo acima é um conteúdo produzido por Dugout)
Diante do abismo no placar, o mais impressionante foi que este, pela maior parte do tempo, foi um daqueles jogos pegados, com a diferença que ambas as equipes se esticam pelo campo de forma empolgante. A partida foi disputada sempre no limite, e não apenas em termos de jogo. A partida engatou a quinta marcha quando Messi entendeu James Milner o jogou pra fora de campo de forma intencional. Mesmo que o inglês tenha apenas exagerado, seu gesto motivou o argentino para o que viria.
A imensa força gravitacional de Messi esgarçou os limites da partida, tanto porque todas as jogadas tomam forma em torno dele quanto pela influência causada pela mera noção de sua presença.
O time de Jürgen Klopp parecia tentar um sistema em que três defensores se aproximavam de Messi assim que ele chegasse à zona intermediária. O problema é que isto abria outros espaços, os quais Messi achou.
Não que o Barça estivesse totalmente confortável. Embora a habilidade de seus defensores lhes permita atuar em linha, isso soava perigoso diante de um ataque como o do Liverpool.
O dilema tático dos ingleses era até quando levar isto, já que a parceria entre Messi e Suárez deixa o Barcelona ainda mais capaz de contra-atacar em segundos. Num piscar de olhos, Jordi Alba fez o lançamento perfeito, Virgil van Dijk se perdeu num milissegundo e Suárez empurrou para a rede, aos 26 do primeiro tempo.
O Liverpool realmente respondeu com seu melhor, e isso testou o Barcelona de Ernesto Valverde e sua disposição de confiar na elasticidade de seus volantes, sem falar na solidez de seu goleiro. Marc -André ter Stegen pode ser o melhor goleiro do mundo, conforme demonstrou em incríveis defesas, principalmente contra Milner. O plano de jogo parecia todo calculado para abastecer o contra-ataque mais limítrofe da Europa. No segundo tempo, porém, o Liverpool se veria se novo sem tempo para pensar duas vezes diante dos atacantesdo Barça. Van Dijk perdeu Suárez, a bola acertou o travessão e voltou para Messi só tocar para o gol, aos 30min.
O golpe de misericórdia viria aos 37min, numa cobrança de falta que pareceu tão fácil quanto o gol anterior, embora a trajetória da bola tenha seguido uma curva próxima do impossível para vazar Alisson. Foi seu 48º gol em 46 jogos na temporada. Devastador.
Fonte: O Globo