Os 20 clubes da Série A começarão o Campeonato Brasileiro, neste sábado, igualmente zerados na tabela. Mas as distorções do calendário farão com que cada um deles chegue à principal competição nacional em diferentes níveis de desgaste.
O Botafogo, que caiu precocemente na Copa do Brasil e sequer se classificou às semifinais de turno do Carioca, foi quem menos entrou em campo no ano: 17 vezes. Já o Bahia, cuja agenda é estufada pela participação na Copa do Nordeste, ocupa o extremo oposto da lista e já disputou 29 partidas em 2019 ? são expressivos 12 jogos de diferença.
Consideradas as distâncias que os baianos precisarão encarar sempre que colocarem o pé na estrada para encarar clubes do Sul e Sudeste ? maioria no nacional ?, é possível adicionar dose extra de cansaço na conta.
Naturalmente, nas primeiras rodadas, a falta de fôlego se restringirá a poucos casos. Mas, conforme o ritmo aumentar, esse peso passará a ser sentido.
Ciente do impacto do caminhão de minutos tão cedo na temporada, o Athletico-PR, há alguns anos, disputa o Estadual com um time alternativo ? este ano, ainda assim ficou com o título paranaense, ao bater o Toledo na decisão por pênaltis. Enquanto isso, o time principal se dedicava aos compromissos realmente significativos, como a Libertadores, cuja classificação às oitavas de final foi garantida com uma rodada de antecedência, com direito a um 3 a 0 sobre o Boca Juniors na Arena da Baixada.
Se Botafogo acumula a quilometragem mais baixa da Primeira Divisão, Fluminense e Vasco têm em seus elencos os jogadores de linha que mais atuaram em 2019, de acordo com levantamento do site “O Gol”.
O zagueiro Matheus Ferraz soma 1991 minutos em campo nas 22 partidas de que participou, apenas uma delas sem ser titular. Já o meio-campista Lucas Mineiro atuou por 1954 minutos, espalhados por igual número de jogos, sempre na escalação inicial. Tanto o cruz-maltino quanto o tricolor estarão nas equipes titulares na abertura do Brasileirão, neste fim de semana.
Completa o pódio o zagueiro Henrique, do Corinthians, que entrou em campo 21 vezes no ano, totalizando 1963 minutos. No elenco do Botafogo, ninguém ficou em campo por mais de 1440 minutos, caso do zagueiro Gabriel.
PAUSA QUE FAZ BEM
Se as eliminações precoces do alvinegro no primeiro semestre desagradaram a torcida, ao menos serviram para que o novo técnico, Eduardo Barroca, intensificasse a rotina de treinos ? algo que o calendário cheio também compromete.
? Tive nove sessões de treinos, o que foi muito bom. Vi os jogadores em todas as situações de maneira equilibrada, e isso é uma vantagem neste início de trabalho ? comemorou o treinador alvinegro.
O volume de jogos no país se torna mais espantoso se comparado à agenda dos europeus. O Real Madrid, vencedor da Champions de 2017/2018, precisou de cinco meses para chegar à 30ª partida na atual temporada. O Bahia, ao entrar em campo contra o Corinthians, no domingo, alcançará essa marca em três meses e meio.
O FATOR COPA AMÉRICA
Neste ano, o calendário brasileiro ficou ainda mais apertado no primeiro semestre graças à pausa para a Copa América, que será disputada no país entre 14 de junho e 7 de julho.
Candidato ao título em todos os torneios de que participa, o Flamengo pode chegar a 76 jogos oficiais, além dos dois amistosos de janeiro pela Florida Cup ? esses números entram na conta do infográfico acima. Para não “queimar a largada”, o técnico Abel Braga já optou por escalar reservas em algumas partidas do Estadual.
E deverá ter um time com mudanças contra o Cruzeiro, sábado, quando a tendência é a de que Everton Ribeiro seja poupado. Arrascaeta, por sua vez, está bem e será relacionado.
Chegar a um diagnóstico preciso do estado dos jogadores tem sido possível por conta de avanços nos departamentos de fisiologia dos clubes. O rubro-negro, que se orgulha de seu Centro de Excelência em Performance, comemorou baixo número de lesões no ano passado graças a esse recurso.
Fonte: O Globo