Superados os Estaduais, é hora de voltar a atenção ao campeonato que, até dezembro, alimentará as polêmicas em mesas de bar e as provocações de segunda-feira de manhã no trabalho. Com as peculiaridades que nos fazem amá-lo e odiá-lo na mesma intensidade, o Brasileirão da Série A começa no próximo sábado e se estenderá pelos próximos sete meses.
Como um aquecimento ao longo desta semana que antecede a rodada de abertura do nacional, o GLOBO convidou 47 especialistas para uma eleição que determinasse quais foram os 50 maiores jogadores dos primeiros 16 anos da era dos pontos corridos, que começou em 2003 e terá sua 17ª edição neste ano. De segunda até sexta-feira, dez nomes serão revelados por vez.
Para chegar à lista final, o GLOBO convocou um colégio de eleitores formado por jogadores em atividade (como o zagueiro Paulo André, do Athletico-PR, e o goleiro Magrão, do Sport), ex-atletas (como Júnior, Tostão, Casagrande e PC Caju) e técnicos (Dorival Júnior a Tite), além de jornalistas de diversos veículos e regiões do país, como os paulistanos Paulo Vinicius Coelho e Ana Thaís Matos, o gaúcho Diogo Olivier, o cearense Bruno Formiga e até o inglês Tim Vickery. A meta era trazer diferentes olhares e preferências para chegar à nata.
50º ? Jean
Volante/lateral-direito
Um 8 que virou camisa 2, Jean nunca foi protagonista por onde passou, mas seu passe e seu preparo físico o tornaram um recurso de alta confiança. Não à toa, este versátil sul-matogrossense foi campeão em 2008 com o São Paulo de Muricy e com o Flu de Abel Braga em 2012. Testado na seleção por sua polivalência, contribuiu para o bi do Palmeiras, em 2016 e 2018. Aos 32, estará com Felipão.
49º ? Paulinho
Volante
Competente na construção, o infiltrador favorito de Tite deu solidez ao meio-campo corintiano e se mostrou um dos mais perigosos elementos-surpresa no ataque, com 20 gols nos seus 86 jogos pela Série A, de 2010 a 2013. Campeão brasileiro em 2011 com o Corinthians, passou por Tottenham e Barcelona e conseguiu lugar na seleção por duas Copas. Está no Guangzhou Evergrande.
48º ? Gil
Zagueiro
Imbatível no jogo aéreo, o defensor de 1,92m se notabilizou também pela velocidade incomum para a estatura e pela garra. Debutou na Série A pelo Cruzeiro, foi à França, mas deixou sua marca pelo Corinthians: a segurança transmitida por este natural de Campos dos Goytacazes lhe rendeu os prêmios Craque do Brasileirão e Bola de Prata das edições de 2014 e 2015, ano em que foi campeão.
47º ? Rodriguinho
Meia
Num futebol de talentos cada vez mais precoces, poucos meias conseguem viradas tardias na carreira. Após passagem por América-MG e empréstimo ao Grêmio, o ambidestro enfim ocupou seu espaço no Corinthians reformulado após o título de 2015. No time conservador de Fábio Carille, o potiguar foi arco e flecha no título de 2017. Aos 31 anos, o desafio é repetir o feito no Cruzeiro.
46º ? Fernandão
Atacante
O centroavante goiano chegou ao Beira-Rio em 2004 sem alarde, vindo da França. Tornou-se líder com enorme inteligência tática, capaz de jogar como segundo atacante e até como meia. Em 2005, levou o Inter ao vice do Brasileiro marcado pela anulação de jogos pela “máfia do apito?. Revelado no Goiás, ainda atuou pelo São Paulo. Depois de se aposentar, morreu em 2014, num acidente de helicóptero.
45º ? Ganso
Meia
O tempo se encarregou de elucidar a dúvida sobre quem era o melhor da safra santista de 2009: o insinuante Neymar ou o maestro de meio-campo, de passes refinados e clarividência precoce. Mesmo crivada por lesões, a qualidade técnica do paraense de Ananindeua deixou memórias pelo Santos e pelo São Paulo. No Flu, o camisa 10 pode provar que sua sinfonia na Série A ainda está inacabada.
44º ? Thiago Silva
Zagueiro
O repertório técnico deste carioca seguramente o credenciaria a jogar perto do gol adversário. Como zagueiro, sua velocidade e seu poder de recuperação o transformaram no ?Monstro? que surgiu em 2006, extrapolou as Laranjeiras em 2008 e se tornou um dos melhores do mundo na posição, no Milan e no PSG, embora não tenha erguido a taça em sua melhor campanha, o 4º lugar de 2007.
43º ? Juninho Pernambucano
Meia
Os pontos corridos chegaram tarde para o recifense revelado pelo Sport e campeão da Libertadores pelo Vasco. Já consagrado na França, voltou a São Januário em 2011, aos 36 anos, para ganhar uma ninharia e matar as saudades, levando o Vasco à sua melhor posição na era. Nas duas passagens pelo clube, separadas por uma aventura em NY, esbanjou disposição e arte nas cobranças de falta.
42º ? Lugano
Zagueiro
O arquétipo da raça uruguaia, orgulhoso da camisa que veste, encontrou em Lugano um de seus representantes mais fidedignos. Depois de um começo turbulento no São Paulo, em que foi pouco aproveitado pelo técnico Oswaldo de Oliveira, decolou no Brasileiro de 2005 e participou da campanha do título no ano seguinte. Ídolo de uma geração, voltou para se aposentar uma década depois.
41º ? Zé Roberto
Lateral-esquerdo/meia
Quando retornou de bem-sucedida carreira na Alemanha, o prodígio da Portuguesa mostrou que, aos 37 anos, ainda era apenas um menino cheio de sonhos. Graças à inteligência e aos cuidados ao longo da carreira, jogou em altíssimo nível no Grêmio e se transferiu para o Palmeiras, a tempo de ser campeão brasileiro aos 42 anos, em 2016. Só se aposentou após jogar no ano seguinte.
Quem votou?
Jornalistas/comentaristas: Alexandre Lozetti, Ana Thaís Mattos, André Kfouri, André Rizek, Arnaldo Cézar Coelho, Bernardo Coimbra, Bob Faria, Bruno Formiga, Bruno Marinho, Carlos Cereto, Carlos Eduardo Eboli, Carlos Eduardo Mansur, Cristian Toledo, Diogo Olivier, Francisco Aiello, Gabriela Moreira, Galvão Bueno, Gilmar Ferreira, Gustavo Poli, Lédio Carmona, Luís Roberto, Marcelo Barreto, Marília Ruiz, Mário Marra, Márvio dos Anjos, Mauro Beting, Mauro Cézar Pereira, Paulo Vinícius Coelho, Roberto Maltchik, Rodrigo Bueno, Rodrigo Rodrigues, Sanny Bertoldo, Sérgio Xavier, Tatiana Furtado, Thales Machado e Tim Vickery.
Jogadores/técnicos: Casagrande, Cristóvão Borges, Dorival Jr., Grafite, Júnior, Magrão (goleiro), Muricy Ramalho, Paulo André, PC Caju, Tite e Tostão.
Regulamento:
Cada membro do júri votou em dez nomes de sua livre escolha. O único critério era que o jogador deveria ter participado de ao menos três edições do Brasileirão de pontos corridos, que começou em 2003. O primeiro em cada relação recebeu 10 pontos, o segundo, nove, até o décimo, que somou um ponto. O somatório desse votos gerou a pontuação que ordena este ranking.
Fonte: O Globo