Ao sacar Diego de campo contra o San José e deslocar Arrascaeta para o meio, Abel Braga deu mais um indício de que, neste momento, a principal disputa por posições no Flamengo será entre os dois meias. Com a volta de Gabigol na final com o Vasco domingo, alguém vai sair.
Outro sinal foi dado pelo próprio Diego. Que saiu lentamente e contrariado da partida. Autor do primeiro gol na goleada por 6 a 1 pela Libertadores, o capitão recebeu tapinha no ombro de outros jogadores antes de dar lugar a Vitinho.
A presença de Diego e Arrascaeta no time titular com todo o elenco à disposição segue improvável. Gabigol se tornou indiscutível e é o artilheiro do Flamengo. Seu parceiro ideal ainda é Bruno Henrique, que se mostrou versátil para atuar de centroavante, mas é arma letal mesmo na ponta esquerda.
Do outro lado, Everton Ribeiro cresce a cada jogo. É o meia mais capaz de quebrar as linhas de marcação e defesas fechadas. Os dois gols sobre o San Jose ainda coroam uma fase artilheira do camisa sete, intensamente aplaudido no Maracanã.
Sobraria para Willian Arão, o preferido da torcida para ir para o banco de reservas. O volante não tem sido brilhante e acumula atuações com falhas. Mas é o ponto de equilíbrio no esquema de Abel Braga. É uma proteção para uma zaga que, embora veloz, é baixa.
Diego é o símbolo de um estilo de jogo que o Flamengo de Abel nitidamente tem se afastado. Um controle muito menor da bola e um volume baseado em troca de passes rápida e bolas enfiadas e cruzadas na área. Diego circula com a bola, distribuiu, mas não dribla nem faz um jogo vertical eficiente. A bola parada e a liderança ainda são virtudes importantes.
A postura tímida ainda faz de Arrascaeta uma incógnita. Mas é inegável as virtudes técnicas superiores às do concorrente. O uruguaio tem mais países verticais, mais dribles, mais velocidade e empata na bola parada e na conclusão para o gol. Ainda é mais jovem (24), embora Diego (34) fisicamente esteja muito bem e seja taticamente mais eficaz.
Abel parece claramente inclinado a promover Arrascaeta aos poucos em seu esquema. A estratégia tem tido resultado e o uruguaio cresce de produção gradativamente. Já foi decisivo contra o Vasco em um time reserva e enfim de volta aos titulares demorou, mas se tornou um dos protagonistas diante do San Jose.
A importância de Diego para o Flamengo e sua conduta dentro e fora de campo seguirão sendo importantes caso o treinador opte pela mudança. Se não a fizer, nunca saberá se poderá subir um degrau no nível de ofensividade do time.
Fonte: O Globo