Um estudo feito pela área de neurociência da University College London, no Reino Unido, afirma que ser excessivamente otimista pode ser desastroso. Otimismo demais faz com que a pessoa crie falsas expectativas e submeta a sua saúde a riscos.
Os pesquisadores entrevistaram moradores de três mil domicílios. Enquanto faziam perguntas sobre as expectativas que eles tinham para o futuro em aspectos como saúde, dinheiro e qualidade de vida, eles registravam as atividades cerebrais dos voluntários.
Ao final do estudo, foi concluído que aproximadamente 80% das pessoas acham que o futuro será melhor, que jamais terão câncer, irão se divorciar ou perderão o emprego. Também pensaram que viveriam até 20 anos a mais do que a expectativa de vida de cada um sugeria.
Os estudiosos afirmam que esse tipo de atitude esperançosa pode levar a enormes erros de cálculo e fazer com que as pessoas não façam exames de saúde, não apliquem protetor solar ou não abram uma poupança, por exemplo.
Para os neurologistas, o otimismo é a formação de imagens mentais no cérebro, nas mesmas regiões em que ficam as lembranças, ou seja, a projeção do futuro é, muitas vezes, feita em comparação com o passado.
Para os profissionais da psicologia e psicanálise, ser muito otimista é como fugir da realidade. Eles afirmam que o problema, na verdade, está nesse otimismo que é fantasia, que serve como um mecanismo de defesa para evitar o sofrimento e, dessa forma, imaginar uma realidade que não existe.
O ideal, portanto, é o equilíbrio. Ser otimista na medida certa pode trazer diversos benefícios à saúde, porém não devemos deixar os pensamentos positivos serem a única cura e método preventivo para doenças.
Otimismo: aprenda a jogar nesse time e colha os benefícios
Você já se perguntou se o otimismo tem o lugar que merece em sua vida? Nós sabemos que esse tema é um pouco controverso. Mas, o que seria exatamente uma pessoa otimista? “É aquela que tem a disposição interna de enxergar o lado bom em tudo e sempre acredita numa solução favorável a qualquer situação”, define a psicóloga Sylvia Sabbato especialista em psicodrama. “O otimismo se manifesta também na maneira que a pessoa tem de encarar as adversidades. Tudo o que a pessoa vê ou passa durante a vida é filtrado por esse seu estado otimista de ser”, aponta a especialista.
Os que criticam afirmam que o otimismo costuma fazer parte de uma ilusão de “vida perfeita” tornando-se, por sua vez, uma espécie de fuga da realidade. O otimismo benéfico não pode ser uma visão errônea de que tudo é perfeito e não há problemas. Ele deve ser baseado no que é real. O otimismo deve ser uma forma positiva de enfrentar os problemas dentro das possibilidades reais. “Caso contrário, realmente é uma fuga, um mecanismo de defesa”, ressalta a psicóloga Samia Maluf. Na opinião da especialista, o otimismo é uma forma muito benéfica, em todos os sentidos: emocional, mental e orgânico.
Otimistas vivem mais
O pensamento positivo é um aliado da longevidade. Estudos recentes da Universidade de Kentucky e de Yale, nos Estados Unidos, constataram que pessoas otimistas apresentam uma maior expectativa de vida, podendo viver cerca de 6 a 10 anos a mais do que as pessoas negativas.
Quer usufruir desses benefícios? A psicóloga Sylvia Sabbato afirma que para isto, seria necessário aprender a ser otimista. Quem não traz essa característica como herança genética ou psicológica familiar pode aprender a ser otimista imitando os exemplos, convivendo com pessoas otimistas e até se submetendo a tratamentos psicológicos.
Outro estudo publicado no jornal da Associação Americana de Psicologia concluiu que os idosos otimistas apresentam menor declínio físico e se mantêm saudáveis por mais tempo do que aqueles que não têm essa característica. É importante cultivar esse estilo de ver a vida nessa faixa etária, principalmente porque ele gera boas emoções e favorece novas ideias.
Jovens com mais autoestima
Uma pesquisa publicada na revista científica Pediatrics mostra que o otimismo em jovens protege contra a depressão, pois confere mais autoconfiança e diminui os pensamentos negativos.
“É muito importante que o otimismo, a sensação de que tudo vai dar certo, esteja presente na vida desses jovens. É isso, além da maturação biológica e da vida em família, que vai garantir que o jovem não se envolva com drogas, álcool e situações de risco. O jovem otimista se vê vencedor no futuro e busca esse caminho”, adverte a psicóloga Sylvia Sabbato.
Segundo o neuropsiquiatra Paulo André Issa, o otimismo é uma das armas para lutar contra a depressão e também de preveni-la, pois evita o estresse que é um dos principais precursores desta doença. Entretanto, o especialista ressalta que não se pode afirmar que somente o otimismo será garantia de não desenvolver depressão, pois a doença é multifatorial. Para desenvolver este quadro, há a interferência de diversas causas, entre elas a influência genética.
Fonte: Terra Saúde