O Centro de Excelência em Performance do Flamengo trabalha desde 2016 três competências – técnico-tática, físico-fisiológica e mental-emocional. Havia desde então um processo de educação continuada, em que atletas e comissão técnica recebiam conhecimento para desenvolver as três vertentes na prática. A mental-emocional envolve temas como resiliência, motivação, tolerância, foco e disciplina. Alguns faltaram no Fla-Flu, da semifinal da Taça Rio, e serão importantes na final com o Vasco.
Ocorre que um dos responsáveis por implementar essa filosofia, o psicólogo Alberto Figueiras foi afastado do futebol profissional há um mês. A nova diretoria entende que não há necessidade de ter o funcionário, pelo menos neste momento, junto à equipe principal. Ele vai atender os esportes olímpicos. O clube informou que caso haja necessidade fará a reposição.
– O que você entende como descontrole emocional, eu entendo como mais vontade de vencer. O vestiário mudou – afirmou o vice de futebol, Marcos Braz.
No entendimento de todos os profissionais que circulavam no futebol desde o ano passado, os conceitos aplicados pelo psicólogo eram “treináveis”. Exemplos da aplicação do método, os atletas Diego, Everton Ribeiro, Arão e Juan estão até hoje no Flamengo para dividir o conhecimento com os atletas que chegaram este ano.
O afastamento, mesmo assim, pegou os jogadores de surpresa, uma vez que eles não foram comunicados por ninguém da comissão técnica ou da diretoria. Durante a ausência do psicólogo no dia a dia do clube, coincidência ou não, Bruno Henrique levou dois cartões vermelhos, e ontem pegou gancho de um jogo, já cumprido.
O momento do Flamengo na temporada requer cuidado para a mente e o corpo, com partidas importantes não só no Campeonato Carioca como na Libertadores.
Psicólogo foi importante na tragédia do CT
Na tragédia do Ninho do Urubu, Alberto Figueiras teve papel importante no atendimento aos familiares das vítimas e dos sobreviventes do incêndio. No dia do acidente, por exemplo, o psicólogo, na companhia do médico João Marcelo, ficou no IML dando atenção aos parentes que chegavam para resolver a burocracia na liberação e identificação dos corpos.
O profissional chegou ao clube no começo de 2018 e trabalhou, de forma direta, com todos os treinadores que passaram durante esse período: Carpegiani, Mauricio Barbieri e Dorival Junior. O método do Centro de Excelência, porém, começou com Carlos Eduardo Brito e Fernando Gonçalves, e veio da base para o profissional.
Com a saída dos dois e a chegada de Alberto, muitos jogadores gostavam de ser “atendidos” pelo novo psicólogo. Everton Ribeiro, Léo Duarte e Vitinho são exemplos. O camisa 11, inclusive, chegou a agradecer a Alberto pelo “tratamento?, após se destacar em um jogo com a camisa do Flamengo.
Everton Ribeiro, que demonstrou frieza ao converter o pênalti que classificou o Flamengo para a final contra o Vasco, costuma repetir uma frase que fica fixa no armário do vestiário: “respire, acredite, lute?, demonstrando que o conceito aplicado na prática dava certo.
Outros clubes da Série A têm psicólogo
Na Série A, sete clubes têm psicólogo na comissão técnica. São eles: Atlético-MG (Michele Rios), Botafogo (Paulo Ribeiro), Fluminense (Emily Gonçalves), Fortaleza (Liana Benicio), Palmeiras (Gisele Silva), São Paulo (Anahy Couto) e Vasco (Maira Ruas). Além disso, no Campeonato Inglês, considerado como um dos melhores do mundo, todos os clubes investiram e tem um profisisonal desta área no dia a dia.
Fonte: O Globo