Chegou ao fim por volta das 22h desta sexta-feira o procedimento ao qual o técnico Abel Braga foi submetido para corrigir uma arritmia cardíaca.
O treinador do Flamengo deu entrada no centro cirúrgico do hospital Pró-Cardíaco por volta das 20h, com atraso, já que a operação de ablação estava prevista para começar 17h.
As primeiras informações indicam que tudo correu bem, e a alta é prevista para o próximo domingo. O técnico ainda não sabe quando poderá comandar o time do Flamengo da beira do campo.
O susto que Abel Braga levou não é novidade na vida do treinador nem dos profissionais do ramo no futebol brasileiro e no Flamengo. Em 2015, o técnico já havia sofrido uma arritmia, mais especificamente uma taquicardia atrial. Que ocorre naturalmente nos átrios, a parte superior do coração. O mesmo problema levou o técnico Muricy Ramalho a se afastar das atividades em 2016, quando também dirigia o Flamengo. Mas por que Abel não precisa se preocupar com isso agora?
Para especialistas, seria um exagero afirmar que ser técnico de futebol é mais perigoso para o órgão do que outras atividades.
Porém, as pressões que estes profissionais enfrentam favorecem situações como a vivida por Abel Braga. Principalmente para pessoas com maus hábitos alimentares e que não se exercitam com frequência.
? É uma atividade profissional extremamente estressante. Envolve tomada de decisões, têm de gerenciar vários atletas e problemas. Sabem que a carreira depende de resultados, a taxa de demissão é alta. Mas não é uma profissão insalubre, não precisa deixar de exercê-la ? explica o cardiologista Claudio Gil, especializado em medicina do esporte.
Segundo cardiologistas, Muricy Ramalho não tinha uma doença estrutural que lhe obrigasse a parar de trabalhar, mas optou por isso devido ao estresse da função. No caso de Abel, também não há recomendação para interromper as atividades, visto que a arritmia é facilmente controlada. Inclusive, há atletas de alto rendimento competindo após lidar com episódios idênticos.
A pequena diferença é que o ex-treinador do Flamengo teve uma fibrilação atrial, enquanto Abel teve o mesmo problema acrescido de um flutter atrial. Durante a fibrilação atrial, os impulsos elétricos são desencadeados a partir de muitas áreas no interior e em torno do átrio, e não somente a partir de uma área única. Já no flutter atrial, a atividade elétrica atrial é coordenada. Assim, os átrios se contraem, mas em uma frequência muito rápida, fazendo com que o impulso não chegue completo aos ventrículos, a parte inferior do coração.
? Não foi exatamente a mesma patologia, mas foi bem parecida sim. Acho que (decisão de aposentar do Muricy) não foi só questão de gravidade ou não, envolve coisas pessoais e da família na decisão, é difícil comparar. Acredito que ele tratando, está estável, teria condição, está trabalhando, não como treinador, mas tocando a vida dele profissional sem problema nenhum – comparou o médico do Flamengo, Márcio Tannure.
Fonte: O Globo