O Fluminense tem mais motivos para ver com bons olhos o rompimento do contrato de concessão do Maracanã do que a mera oportunidade da “participação mais ativa dos clubes do Rio na administração do estádio?, como citou no início da semana. A avaliação se dá porque a medida do governo do Rio desatará um nó que causa a “sangria? tricolor quando se fala no resultado financeiro das partidas.
Se o contrato com a concessionária vai para o lixo, o mesmo acontecerá com o quarto aditivo, documento firmado entre o Flu e a Odebrecht que rege a atual relação entre as partes. O acordo implicou ao Fluminense gastos que ele não tinha no contrato original. Enquanto a concessionária se responsabilizou pelas contas de luz, água e esgoto, o Flu passou a pagar R$ 100 mil de aluguel por partida e assumiu custos operacionais.
Em 2018, o Flu acumulou déficit de R$ 3,4 milhões no resultado operacional das 24 partidas como mandante no Maracanã. Em 2019, tirando o jogo contra o Antofagasta, cujo borderô não foi divulgado pela Conmebol, o prejuízo é de R$ 1,4 milhão em seis jogos: média de R$ 240 mil por partida.
O presidente do clube na época em que o documento foi assinado era Peter Siemsen. Ele explicou ao GLOBO o intuito do contrato, lembrando que a concessionária não tinha reassumido o estádio após a Rio-2016 e até o Flamengo estava sem casa.
? O Fluminense precisava jogar no Maracanã. Enquanto a concessionária não retomava a administração, assinamos um aditivo para que o clube pudesse jogar operando as partidas. O contrato foi assinado por um curto período porque era preciso jogar ? disse Peter.
No plano original, o quarto aditivo foi feito para valer de 1º de outubro a 31 de dezembro de 2016 e o contrato poderia ser prorrogado até 31 de março de 2017.
Medida decisiva
A Maracanã S/A reassumiu o estádio só por ordem judicial, em janeiro de 2017. E o que ninguém no Fluminense contava era que, em abril, haveria uma liminar determinando que o quarto aditivo vigorasse dali para frente, apesar de o próprio dispositivo prever que o contrato original voltaria a valer. O tricolor não conseguiu até hoje se desvencilhar dela.
? O aditivo 4 foi usado erroneamente como um parâmetro para decisão temporária visando ao reequilíbrio do Maracanã. Pelo que vi na ação, não houve uma manifestação clara (do Flu) mostrando que, na verdade, esse contrato nunca se operou e nem deveria servir como parâmetro ? completou Siemsen, assegurando que, em 2014 e 2015, o resultado de bilheteria foi positivo (R$ 4 milhões e R$ 6 milhões, respectivamente).
Foi na era do aditivo 4 que o Flu acumulou dívida com a concessionária. O montante, contestado pelo clube, está na casa de R$ 1,5 milhão. Em que pese o rompimento do Estado, o Flu ainda avalia como proceder em relação à cobrança.
Segundo o GLOBO apurou, o entendimento da concessionária é que a “sangria? do Flu se deve à dificuldade do clube em encher o estádio com frequência.
Publicamente, a Maracanã S/A alega que a operação não ficará mais barata pelo fato de o governo do Rio assumir o estádio. Em nota, a empresa diz que “a única forma de isso acontecer é o governo passar a subsidiar o futebol, deixando de enviar recursos a áreas como saúde, educação e segurança?.
A concessionária tem até 19 de abril para deixar o estádio. Depois disso, o governo pretende dar permissão de uso a alguma empresa. A Ferj surge como favorita.
Fonte: O Globo