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Advogados acusam Flamengo de não procurar famílias e ameaçam ir à Justiça



Quase 40 dias após o incêndio que matou dez garotos no CT do Ninho do Urubu, o impasse continua entre o Flamengo e os parentes das vítimas. Em coletiva realizada nesta terça-feira, os advogados falaram em nome de nove famílias das vítimas fatais e foram categóricos em dizer: até hoje, o clube não procurou nenhuma delas para negociar as indenizações e nem prestar qualquer tipo de solidariedade.

– Quando o Flamengo disse que vem dando todo o suporte às familias, esse suporte foi transporte, alimentação e hospedagem na época (do acidente). E só. Isso era obrigação. Não existe todo suporte para as familias. Está cada um angustiado em suas casas – disse o advogado Arley Carvalho.

Além dele, estiveram presentes as advogadas Paula Wolf e Mariju Maciel. Eles falaram em nome dos pais de Cristian Esmério, Gedinho, Pablo, Jorge Eduardo, Arthur, samuel e Riquelmo. Embora não defendam os parentes de Bernardo e Vitor, afirmaram que eles também fazem parte do grupo de familiares de vítimas. Nestes dois casos, houve um contato inicial feito pelas famílias, mas que não avançou. Apenas a família de Átila não está incluída no grupo.

Além da inércia do clube, as queixas do presidente Rodolfo Landim em relação à atuação dos advogados motivaram a coletiva. Eles se dizem abertos a negociação. O problema, segundo os representantes das famílias, é que as converas nunca começaram.

– O Flamengo vem fazendo o inverso do que vem passando para a mídia e para a torcida. É doloroso estar aqui representando os familiares na atual situação de descaso, de falta de atenção e de carinho com que eles deveriam estar sendo tratados. E nós, na qualidade de advogados, fomos chamados pelo presidenten Landim de pessoas que estariam aflorando esta posição. Muito pelo contrário. Estamps dando suporte aos familiares. Quem deveria estar fazendo, não vem fazendo – completou Arley.

Diante da falta de diálogo, os advogados já ameaçam judicializar a discussão. Até o momento, ela vem ocorrendo na esfera administrativa. De acordo com eles, a proposta feita pelo Flamengo na primeira reunião, em fevereiro, foi de pagar cada família de acordo com a quantidade de parentes de cada vítima: pai e mãe, cada, receberiam R$ 150 mil; os irmãos teriam direito a R$ 50 mil; e mais R$ 25 mil para os avós. Este valor tem um teto de R$ 700 mil. Além disso, um salário mínimo por mês para cada família durante dez anos.

Os advogados dizem ter como base a proposta do Ministério Público: R$ 2 milhões para cada família, além do pagamento de R$ 10 mil mensais até o mês em que cada atleta completaria 45 anos. Mas a negociação, segundo eles, nunca começou.

– Como o presidente saiu de férias, a gente não sabe se isso atrasou algum tipo de contato. Mas a gente entende que o prazo já passou. Que o clube fizesse o mínimo de contato com elas. Nem que seja só para saber como estavam. Como nem isso ocorreu, fica complicado saber o que esperar. Uma coisa é fato: se nao tover nenhum tipo de avanço, só nos resta o judiciário – afirmou Paula Wolf.

Para comprovar o que eles dizem ser a inércia rubro-negra, os advogados solicitaram às famílias que enviem vídeos em que relatam não terem sido procurados. A ideia é reunir todos e divulgá-los.

– A verdade nua e crua é que não existe negociação com nove famílias como está sendo dito pelo Flamengo. Porque isso está sendo dito, a gente não sabe. Foi levantado que há uma busca por patrocinador, e isso faclitaria. Eu, hoje, tenho dúvidas se um patrocinador ligaria sua imagem a uma empresa que está abandonando estas famílias – criticou Mariju Maciel.

Fonte: O Globo


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