Em 2015, pouco depois de retornar à presidência do Vasco, Eurico Miranda adotou a expressão “O respeito voltou?. Nesta quinta-feira, os minutos anteriores ao jogo com o Avaí foram dedicados a respeitar sua memória. Nas camisas da comissão técnica, a expressão “Respeito Eterno? tinha tanto simbolismo quanto o fato de o primeiro jogo do Vasco após a morte do dirigente ser no estádio que ele tanto defendeu. Goste-se ou não do controverso personagem, o momento não era de discuti-lo, mas de luto pela saída de cena de um dirigente que marcou tanto a história de um clube do tamanho do Vasco.
O minuto de silêncio, silencioso de fato, foi seguido pelo grito de “Casaca?, uma das tradições do clube que Eurico fazia questão de preservar. Em campo, vestindo uma camisa que levava o nome do ex-presidente, o Vasco protagonizou um ótimo jogo e venceu por 3 a 2. Dia 10 de abril, em Florianópolis, jogará pelo empate para ir à quarta fase da Copa do Brasil.
O resultado teve uma mistura de sensações. O Vasco chegou a fazer 3 a 1 após sair perdendo, mas a vitória por diferença mínima mexeu com o humor da arquibancada. A torcida xingou o técnico Alberto Valentim injustamente, em uma noite em que, com a bola, o Vasco mostrou clara evolução. E num duelo com um time de Série A do Brasileiro, algo que deve ser levado em conta num momento do calendário em que se acumulam confrontos menos exigentes.
Houve pontos de preocupação também. E estes foram os que apareceram primeiro no jogo. Em boa parte do Estadual, o time foi sólido na defesa, ainda que diante de rivais frágeis. Mas os dois últimos jogos colocaram o Vasco diante de uma situação diferente. Contra o time misto do Flamengo, cedeu inúmeros contra-ataques, algo que se repetiu nesta quinta-feira após o Avaí abrir o placar aos dez minutos, com Pedro Castro. No lance, Getúlio já cabeceara na trave após explorar as costas dos zagueiros.
O Vasco passou a atacar com seus dois laterais ao mesmo tempo, ocupando o campo do Avaí. Faltava cobertura, o que oferecia contra-ataques pelos lados e a chance de o Avaí ampliar. Foi o pior momento da equipe na partida, algo a se observar no restante da temporada.
Mas havia o outro lado da balança. Porque embora se expusesse, via-se em campo um Vasco que controlou o jogo com a bola e teve muito volume ofensivo. O time movia a bola rápido, tinha boa partida de Lucas Mineiro, buscava os lados com Pikachu e Marrony, tinha conclusões de fora da área e pressionava muito. E ainda contava com a bola parada, outra arma de 2019. Pikachu já acertara a trave em lance trabalhado quando Danilo Barcelos cobrou falta e empatou.
No intervalo, Valentim ousou ao tirar Raul e colocar Bruno César, ficando com um meio-campo leve. Foi premiado, porque o time trabalhava bem a bola, e marcou com Rossi, outra substituição do intervalo. O ponta fechou em diagonal para cabecear e virar o jogo. Em seguida, um córner resultou no gol de Thiago Galhardo. Parecia o cenário sob medida.
Ocorre que era natural que o Avaí fizesse trocas e ficasse com um time mais ofensivo. Diante do cenário, Valentim tentou reequilibrar com Andrey no lugar de Galhardo, que pedira para sair segundo o treinador, uma informação que certamente não chegou à arquibancada. Curioso que o meia já fora vaiado, mas saiu aplaudido e sua substituição virou motivo do protesto contra Valentim. E quando André Moritz descontou, em nova demonstração de que o sistema defensivo do Vasco não foi tão sólido quanto em outros jogos da temporada, o clima piorou. Mas quem saiu de São Januário em vantagem foi o Vasco. A perspectiva parece bem melhor do que no início da temporada. Algo a se valorizar.
Fonte: O Globo