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Reabertura do Morenão ainda depende de estudo e acordo entre UFMS e Governo



A reabertura do Estádio Morenão, em Campo Grande, segue sem data definida. Durante audiência pública nesta segunda-feira (17), na Assembleia Legislativa, representantes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), do Governo do Estado e dos clubes de futebol locais debateram o futuro do estádio. O principal impasse está na definição do convênio de delegação da gestão entre a universidade e o Executivo estadual.

O secretário estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, afirmou que há interesse do Governo em colaborar com a reabertura, mas reforçou que decisões só serão tomadas após estudos técnicos. “Não queremos repetir erros do passado, como intervenções paliativas. A prioridade é um projeto que resolva, de fato, os problemas estruturais do estádio”, declarou.

Uma reunião técnica com UFMS, secretarias estaduais e demais envolvidos foi agendada para 1º de julho, quando deve ser apresentado um panorama mais concreto sobre a viabilidade do Estado assumir a gestão do Morenão. “É um estádio de 54 anos com diversas adaptações, o que exige cautela. O que temos hoje é boa vontade de todos os lados, mas ainda precisamos de dados”, completou o secretário.

Representando a UFMS, o professor Saulo Moreira, presidente da Comissão de Acompanhamento da Concessão da universidade, disse que compreende a urgência apresentada pelos clubes e parlamentares, mas lembrou que o processo depende da conciliação entre legislações federal e estadual. “A universidade está à disposição para resolver os entraves e buscar a assinatura do convênio”, afirmou.

Pressão dos clubes – A cobrança mais direta veio dos clubes. O presidente do Esporte Clube Comercial, Marlon Brandt, criticou o abandono da estrutura e defendeu que o estádio, mesmo sendo da UFMS, também pertence à cidade. “O Morenão foi criado como palco para o futebol. Hoje, está abandonado. Campo Grande tem um milhão de habitantes e só um estádio para 3,5 mil pessoas. Alguma coisa está errada”, reclamou.

O presidente do Operário, Nelson Antônio da Silva, alertou sobre os prejuízos de continuar sem um estádio adequado e criticou o uso do Morenão para eventos não esportivos. Ele acredita que o Jacques da Luz, campo no Bairro Moreninhas, deveria ser uma segunda opção.

“Se tivermos, por exemplo, um time da capital disputando a Série C, onde ele vai jogar se houver um show no Morenão? O calendário da Série C é praticamente o ano todo, enquanto os shows não seguem uma agenda fixa. Pode haver dois, três eventos por mês, e cada um deles causa, no mínimo, duas semanas de interdição do estádio. Sem falar no prejuízo ao gramado, que é inevitável se não houver grama sintética”, defende.

Investimento da CBF – O presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Estevão Petrállas, revelou que há uma sinalização da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para contribuir com um novo gramado e sistema de irrigação, com investimento que pode chegar a R$ 1 milhão. “Cada um pode contribuir com o que tem. A hora é de união”, disse.

Mais cedo, ele reafirmou o interesse da federal de assumir a administração e reforma parcial do estádio. “Mesmo que seja para 8 mil pessoas, já atenderíamos as competições nacionais. É um estádio no centro da cidade, com boa estrutura, e não podemos mais deixar parado”, destacou.

Próximos passos – Organizador da audiência, o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD) anunciou que a próxima reunião ocorrerá no dia 1º de julho, em formato técnico e com presença de órgãos como a UFMS, secretarias estaduais, Ministério Público, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, federação e clubes. A ideia é identificar o que ainda trava o acordo de gestão e, se possível, elaborar um plano objetivo para uma reabertura parcial.

“A urgência é clara. Mesmo que seja algo provisório, como um ‘puxadinho’, precisamos devolver o estádio à população. O Morenão não pode virar um elefante branco”, declarou o parlamentar.

Entenda – Desde abril de 2022, o estádio está sem eventos oficiais. O secretário estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, informou que o processo está sendo analisado pelo setor jurídico da UFMS e pelo Escritório de Parcerias Estratégicas.

O Morenão foi construído em 1971, no campus da então UEMT (Universidade Estadual de Mato Grosso), que mais tarde viria a se tornar a UFMS. O nome é em homenagem ao ex-governador.

O estádio já recebeu grandes eventos, como jogos da seleção brasileira pré-olímpica em 1999, contra o Paraguai, e das Eliminatórias da Copa do Mundo, em 2009, contra a Venezuela, além de diversos jogos nacionais.

Fonte: Campo Grande News


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