Uma defesa intransponível e um ataque que deixou a desejar. De quebra, uma atuação preocupante de Neymar. Essa foi a tônica da atuação da seleção brasileira no empate em 0 a 0 diante da Colômbia, em Barranquilla, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O diagnóstico é o mesmo dos jogos recentes e reforça o alerta de uma equipe que vencia mesmo jogando mal. Ontem nem isso foi possível. A novidade, no entanto, é o apagado brilho de sua maior estrela, que revelou estar mal mentalmente e não aparenta estar no melhor momento esportivo.

O que era para ser um dia de festa virou uma exibição caótica do camisa 10. Ao entrar em campo, superou Pelé e se isolou como o quinto jogador que mais vezes vestiu a amarelinha. Porém, o assunto do dia foi a sua entrevista para o documentário “Neymar Jr & The Line of King?, onde afirmou que o Mundial de 2022 pode ser o seu último.

A preocupação surge quando o craque afirma que não sabe se “terá mais condições, de cabeça, de aguentar o futebol?. Iniciado pela ginasta Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a discussão sobre a saúde mental no esporte está em alta e é mais do que provado como esse fator impacta no desempenho esportivo de alto nível. Coincidência ou não, Neymar teve um de suas piores atuações com a seleção brasileira.

Segundo dados do ‘Sofascore’, Neymar encerrou a partida com apenas uma finalização, apenas três dribles completos e 30 perdas de posse de bola. Se o ataque brasileiro pouco produziu em Barranquilla, muito passou pela má atuação do camisa 10. Uma preocupação que não reflete nas Eliminatórias, afinal a classificação até bem encaminhada, mas para a próxima Copa do Mundo. Afinal, é díficl saber como o astro chegará no Qatar já que a pressão só tende a aumentar.

O Brasil segue na liderança das Eliminatórias, mas perdeu os 100% de aproveitamento ? agora são nove vitórias e um empate, somando 28 pontos. O empate traz frustração também porque era a chance de o Brasil atingir o “número mágico? para se classifica. Se vencesse, chegaria a 30 pontos, sendo esta a maior pontuação de um 4º colocado na história das Eliminatórias sul-americanas ? Paraguai, antes do Mundial de 2002. A meta pode ser atingida na próxima quinta, diante do Uruguai, na Arena da Amazônia.

Não é absurdo dizer que se fosse para uma seleção deixar o Estádio Metropolitano com a vitória, seria a Colòmbia. E isso só não aconteceu graças a Alisson, que voltou a ter sequência como titular na seleção ? a última vez que ele disputou dois jogos consecutivos foi em novembro de 2019, em amistosos contra Argentina e Coreia do Sul. O goleiro do Liverpool impediu que o grito de gol colombiano saísse da garganta dos torcedores, algo que pareceu questão de tempo em diversos momentos da partida.

É mérito de Tite que a defesa brasileira tenha ultrapassado a marca de 725 minutos sem ser vazada nas Eliminatórias, mas preocupa a defesa ter sido tão exigida. Cabe destacar também a boa atuação de Marquinhos, que assumiu a braçadeira de capitão nas ausências de Casemiro e por Thiago Silva ter iniciado como reserva ? este entrou no segundo tempo e chegou a 100 jogos com a amarelinha.

As boas notícias ficaram por conta das entradas de Antony e Raphinha, que chamaram a responsabilidade e aumentaram o poder de fogo do ataque, fazendo Ospina trabalhar. Porém, a primeira grande defesa do goleiro colombiano veio apenas aos 38 minutos da segunda etapa. Muito pouco para quem quer sonhar com o título mundial. É preciso melhorar o quanto antes. De preferência, diante do Uruguai, já na próxima rodada.