A expectativa pelo retorno do público aos jogos de futebol era grande tanto pelo lado da torcida quanto dos clubes. Porém, diante das restrições impostas ainda pela pandemia em curso e a necessidade de protocolos sanitários em cada partida, com redução da capacidade das arenas e exigências para o acesso a elas, o reencontro deu-se de forma tímida. Após duas rodadas e 16 jogos com portões abertos, a média de ocupação dos estádios foi de 28%, e a de público pagante, de menos de quatro mil pessoas. Em 2019, o Brasileirão teve média de 47% de ocupação.

Com exceção do Corinthians, que ocupou 70% da capacidade liberada do seu estádio com pouco mais de 10 mil pessoas, na vitória sobre o Bahia, alcançar 50% e ultrapassar cinco mil torcedores foi para poucos.

Nem mesmo os dois times que aparecem no topo da tabela foram capazes de encher ao menos metade do espaço liberado nos estádios. O líder Atlético-MG ocupou 38% (pouco mais de 7 mil torcedores ) da parte liberada do Mineirão (pouco mais de 18 mil); já o Flamengo, que poderia tomar metade do Maracanã, colocou cerca de 8 mil pessoas diante do Athletico-PR, ou 24%.

A baixa procura não significa que o torcedor se acomodou em casa e prefere o conforto do lar. Também não assusta os dirigentes dos clubes, que citam uma série de fatores que influenciam na decisão de ir ao estádio neste momento. Para eles, a liberação do público vem sendo um impulso na retomada dos programas de sócio-torcedor, cujo principal ativo é justamente o desconto nos ingressos.

? O mais importante é a volta do torcedor ao estádio. Ele é o protagonista do futebol. Sem torcida, o futebol é um produto pior, não tem a emoção. O torcedor presente é fundamental. Isso já é positivo neste momento depois de tanto tempo ? afirma o vice-presidente de comunicação e marketing do Flamengo, Gustavo Oliveira.

Ele destaca ainda que já houve incremento no sócio-torcedor do clube, sobretudo após a classificação para a final da Libertadores. Mesmo caso do Palmeiras, o outro finalista.

? Já estávamos percebendo a curva subindo assim que veio a notícia do retorno.

Algumas medidas sanitárias impedem a ida de parte da torcida. Em alguns lugares, o acesso ao estádio só é permitido a quem está com vacinação completa (duas doses ou dose única) há mais de 15 dias. Em outros, estão autorizados os torcedores com imunização incompleta, mas com testes para Covid-19 negativos.

mudança no rio

No Rio, por exemplo, o Flamengo organizou partidas em situações distintas. O jogo contra o Barcelona (EQU), pela Libertadores, exigiu a apresentação de teste negativo para todos os presentes, vacinados completamente ou não. Diante do Athletico, o protocolo só permitiu a presença daqueles totalmente imunizados.

Desde ontem, no entanto, um novo decreto da prefeitura do Rio permite (para jogos que não sejam eventos teste) a presença dos totalmente vacinados mediante apresentação da carteira de vacinação ou quem apresentar o teste negativo para Covid-19. Será nesse modelo que o Fluminense receberá o Atlético-GO hoje, às 16h30, no Maracanã, ampliando a possibilidade mais torcida.

O tipo de protocolo interfere, inclusive, nos valores dos ingressos ? os clubes evitam um preço muito alto se o torcedor ainda precisar realizar um exame para entrar no estádio. Os clubes, no entanto, avaliam os valores dos bilhetes de acordo com o apelo do jogo e o grau de restrição. O São Paulo, por exemplo, que teve tíquete médio de mais R$ 70, vai reduzir o preço conforme o percentual liberado no estádio aumentar no estado (hoje é de 30%, sobe para 50% a partir do dia 15 deste mês).

O Internacional, que terá a volta do público amanhã, contra a Chapecoense, manterá preços próximos aos de 2019. Mais de 10 mil ingressos dos 15 mil já foram vendidos para os sócios.

? Não queremos pagar a operação do jogo com o preço do ingresso. O principal é o bem estar do nosso sócio tanto no jogo no estádio, quanto na questão financeira, reconhecendo o período que seguiu adimplente ? afirma Victor Grunberg, vice-presidente de patrimônio e administração do clube.